A permanência de adolescentes em CAPS AD: um olhar para a vulnerabilidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Mancilha, Grasiella Bueno
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7141/tde-29062015-154026/
Resumo: As investigações sobre a adolescência nas últimas décadas trazem contribuições para além dos recortes da puberdade e desenvolvimento socioafetivo, ampliando a compreensão da adolescência como um fenômeno de construção histórica, social, cultural e relacional na contemporaneidade. A adesão ao tratamento por adolescentes usuários de álcool e outras drogas é apresentada pela literatura como um desafio. Entendemos que a permanência do adolescente no tratamento está relacionada ao entendimento deste enquanto sujeito que pode exercer sua autonomia no contexto individual, social e político e onde os profissionais são corresponsáveis pelo processo terapêutico. Consideramos o conceito de vulnerabilidade e de redução de danos como importantes na compreensão deste tema. Objetivo: Traçar o perfil sociodemográfico em relação com o uso de drogas dos adolescentes em atendimento no CAPS AD e analisar suas percepções sobre o tratamento recebido, identificando quais fatores eles apontam como os que facilitam a sua permanência nesse serviço. Método: Pesquisa descritiva exploratória. Foram realizadas entrevistas individuais com 12 adolescentes que frequentaram, no período da coleta de dados, o grupo de adolescentes do serviço especializado. Os dados foram analisados utilizando a técnica de análise de conteúdo segundo Bardin e categorizados de acordo com os componentes da vulnerabilidade preconizados por Ayres. A análise foi realizada mediante o diálogo com o referencial teórico da vulnerabilidade em saúde, os princípios da redução de danos, redes de atenção psicossocial e reabilitação psicossocial. Resultados: Desvelamos graves vulnerabilidades envolvendo estes adolescentes, nos componentes individual, social e programático. Os adolescentes, em sua maioria, são do sexo masculino, com idade entre 14 a 19 anos; 75% se autodeclararam negros, possuem ensino fundamental incompleto e em evasão escolar (75%). Residem com seus familiares 8 adolescentes, sendo 6 deles pertencentes à família monoparental feminina e 4 estão acolhidos institucionalmente. Todos já foram poliusuários e fizeram o primeiro uso de droga aos 12 anos. A substância de preferência da maioria dos adolescentes foi a maconha, sendo também a mais utilizada pela primeira vez. Sobre as percepções do tratamento no CAPS AD, a maioria disse que é preciso ter força de vontade para permanecer e que esperam ocupar e distrair a mente com atividades mais atrativas como jogos lúdicos, gincanas, atividades externas e esportivas. O grupo de pares restrito pelo uso de drogas foi apontado como um dos fatores que mais dificultam a permanência no serviço. O componente social da vulnerabilidade, mesmo considerando que outros componentes estejam interligados e interdependentes, foi considerado como o mais marcante dos resultados dessa pesquisa, desvelando uma maior dificuldade para as (re)construções de projetos de vida para além de aspectos relacionados somente ao uso ou não de drogas. Considerações finais: Mesmo que não tenhamos receitas prontas e protocolos sistematizados, vislumbramos importantes direções a serem seguidas diante do desafio da elaboração de ações redutoras de vulnerabilidades direcionadas aos adolescentes usuários de drogas que chegam ao CAPS AD. Estas ações, para potencializar a permanência destes adolescentes em CAPS AD, devem avançar no sentido de construções coletivas, fortalecendo propostas que façam mais sentido para os adolescentes, que sejam atrativas e despertem neles vontade de ficar, de fazer e de acontecer.