Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
Bittencourt, Ana Luiza Portela |
Orientador(a): |
Goldim, José Roberto |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/143046
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Resumo: |
Introdução: A adolescência é considerada um período que requer atenção especial no que tange ao uso de substâncias psicoativas. As modificações físicas, psíquicas e sociais da adolescência aprofundam a condição de vulnerabilidade e aumentam o risco de início precoce do uso de substâncias psicoativas (SPA). Sabendo disso o Ministério da Saúde enfatiza a importância de ações que busquem atender a esta população, considerando, especialmente, as especificidades da faixa etária. Os aspectos coercitivos e pressões sociais podem afetar negativamente o paciente, o curso e os resultados do tratamento. Objetivos: explorar, através da análise de prontuário, as reações dos adolescentes usuários de Substâncias Psicoativas diante de situações potencialmente coercitivas, a fim de identificar que tipo de reações são desencadeadas por estas. Métodos: A pesquisa caracteriza-se por dois momentos distintos. Primeiramente realizou-se estudo transversal com todos os 229 prontuários identificados como pertencentes a adolescentes usuários de substâncias psicoativas em tratamento no Centro de Atenção Psicossocial da Infância e Adolescência (Capsia), no período de novembro de 2002 a dezembro de 2012. Este período corresponde aos primeiros dez anos de funcionamento deste serviço. Os dados foram coletados mediante leitura dos registros em prontuários realizados por diferentes membros da equipe do serviço. Foram coletados dados caracterizando o momento da busca por tratamento (sexo, idade, situação escolar, fonte de encaminhamento), situações consideradas agravantes da condição de vulnerabilidade (violência familiar, envolvimento criminal, evasão escolar) e questões pertinentes ao tratamento (substâncias utilizadas e internações hospitalares). Os dados obtidos foram avaliados quantitativamente e de forma descritiva, permitindo a caracterização de um perfil biopsicossocial desses adolescentes. Em um segundo momento, uma subamostra de 23 dos 229 prontuários consultados foi selecionada através do processo de amostragem sequencial aleatória. O número total de prontuários selecionados foi definido pelo critério de saturação da amostra. Nesta amostra buscou-se identificar registros de diferentes atendimentos realizados ao longo do tratamento (primeira entrevista, consultas médicas, internações hospitalares, visitas domiciliares, etc..) que indicassem situações potencialmente coercitivas, selecionando-os para análise posterior. Os trechos selecionados foram classificados com base na fonte de pressão observada (pressão legal, pressão formal e pressão informal). Seguiu-se a este processo a identificação e classificação de reações dos pacientes às pressões sociais experienciadas. Os dados obtidos foram avaliados quantitativamente a fim de verificar a frequência de ocorrência das variáveis. Os dados qualitativos foram tratados com emprego da análise de conteúdo. Resultados: A maioria dos 229 prontuários analisados pertencia a pacientes do sexo masculino (81,7%) e sua idade, no momento da busca por tratamento, variava de sete (0,4%) a 17 anos (19,2%). Constituíram registros frequentes a prática de atos infracionais (64,2%), a evasão escolar (62,9%) e o convívio com familiares que utilizam drogas (56,8 %). A maioria dos prontuários estudados pertencia a sujeitos identificados como poliusuários (68,1 %), observando-se maior frequência de registro de consumo de maconha (58,9%) e crack (54,6%). Foram encontrados também registros de uso de cocaína (46,7%), bebidas alcoólicas (34,5%), tabaco (25,8%), “loló” (7,0%) e ecstasy (0,4%). As pressões sociais informais (48,1%) foram as mais frequentes, seguidas das pressões sociais formais (30,9%) e pressões sociais legais (21,0%). As reações mais frequentes foram: aceitação (17,5%), resistência (31,6%) e desmotivação (14,0%). A reação mais frequentemente apresentada diante da pressão informal foi a de resistência (33,3%). Diante da pressão social formal duas reações foram as mais frequentemente: desmotivação (30,7%) e resistência (26,9%). À pressão social legal, duas diferentes reações foram as mais frequentes: resistência (30,0%) e resignação (25,0%). A reação de resistência foi manifestada diante de relações conflituosas com o agente da pressão e da desconsideração ou desrespeito da vontade do paciente. A desmotivação, por sua vez, apareceu atrelada a busca por tratamento unicamente em virtude da pressão sofrida, resultando na pouca participação no tratamento. A boa relação entre o paciente e aquele que exerceu a pressão para busca do tratamento destacou-se na análise da reação de aceitação. Conclusão: Os adolescentes atendidos na instituição apresentam um perfil de vulnerabilidade necessitando de proteção adicional. As reações atreladas às situações identificadas são, em sua maioria, entendidas como reações negativas, permitindo inferir que os pacientes podem ter se sentido coagidos em decorrência das pressões sociais vivenciadas. As relações estabelecidas entre os pacientes e os diferentes agentes de pressão se destaca como fator “chave” no modo como estes sujeitos reagem às pressões sofridas. |