Dois morfos, duas medidas? Dimorfismo sexual masculino e suas implicações sobre o cortejo e a morfologia genital dos machos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Cassettari, Bruna de Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-07102024-175100/
Resumo: O dimorfismo de machos é um exemplo icônico de seleção disruptiva, comumente encontrado em artrópodes. No entanto, poucos estudos comparam o cortejo pré-copulatório e copulatório entre morfos masculinos neste grupo. No Capítulo 1 desta tese, exploramos esse tema e uma revisão sistemática da literatura mostrou que o cortejo pré-copulatório pode ser bastante diferente entre os morfos. Quatro processos podem explicar essas diferenças: (1) apenas um morfo expressa traços usados no cortejo pré-copulatório; (2) somente o morfo em boa condição corporal pode arcar com os custos do cortejo; (3) a resistência feminina às tentativas de acasalamento de um morfo leva a um aumento no investimento em cortejo; (4) um morfo abrevia o cortejo pré-copulatório para evitar interferências ou agressões pelo outro morfo. A duração da cópula, geralmente usada como um proxy para o cortejo copulatório, é geralmente maior para o morfo exibindo táticas reprodutivas alternativas. A partir dessa observação, levantamos a hipótese que diferentes pressões seletivas sobre os morfos masculinos poderiam levar à divergência genital dentro da espécie, já que características da genitália masculina estão relacionadas à estimulação feminina e à competição espermática. Testamos essa hipótese no Capítulo 2, no qual usamos o opilião Poecilaemula lavarrei como modelo de estudo. Nessa espécie, os machos têm dois morfos discretos: majors, maiores e com tática reprodutiva territorialista, e minors, menores e com tática reprodutiva furtiva. Nossos resultados apontam que o tronco e a placa ventral da genitália dos majors são maiores do que dos minors, mas não encontramos diferenças na largura da placa ventral, forma, área relativa do tapete de microssetas ou na assimetria flutuante da genitália. O comprimento do tronco e a largura da placa ventral são hipoalométricos e com coeficientes semelhantes entre os morfos, porém o comprimento da placa ventral é isométrico em minors e hipoalométrico em majors. As observações comportamentais não revelaram diferenças entre os morfos em relação à probabilidade de aceitação feminina ou na duração da cópula. Em conjunto, nossos resultados sugerem que a forma e a intensidade da seleção sexual na morfologia genital podem ser semelhantes entre os morfos do aracnídeo estudado. Adicionalmente, apesar das diferentes táticas reprodutivas, sugerimos que a seleção estabilizadora restringe a divergência sexual dentro da espécie. Esperamos que as ideias contidas nesta tese estimulem novos estudos quantitativos sobre interações macho-fêmea e morfologia genital masculina em espécies com machos dimórficos, buscando entender quão gerais são os padrões aqui descritos.