Nas brechas do sistema: uma leitura da obra do psicanalista Ronald Fairbairn

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Araujo, Teo Weingrill
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-07012015-093758/
Resumo: O personagem principal da presente tese é William Ronald Dodds Fairbairn, psicanalista escocês que viveu entre 1889 e 1965 em Edimburgo, na Escócia e dedicou toda uma vida a mapear as repercussões das experiências traumáticas precoces no processo de constituição da estrutura psíquica. Fairbairn fez parte, junto com Winnicott, Balint e alguns outros, do que viria a ser conhecido dentro da tradição da psicanálise inglesa como Middle Group, ao mesmo tempo em que foi muito influenciado pelo pensamento kleiniano. Por ser alguém que vivia a milhas de distância dos principais centros de formação psicanalítica, produzia sua obra em relativo isolamento, proclamava-se como alguém que tornou superado o modelo teórico proposto por Freud e mesmo assim, continuava sendo reconhecido como psicanalista pelas instituições oficiais, Fairbairn ocupava um lugar único na cena psicanalítica da época. Na presente tese, buscamos dar o destaque devido para os singulares e refrescantes sentidos que Fairbairn confere à dimensão das forças libidinais, ao afirmar que o movimento primordial do humano não visaria o alivio das tensões, como propusera Freud, mas o estabelecimento de ligações amorosas com os objetos. Além disso, discutimos o modelo de mente proposto por Fairbairn, que incorpora em sua própria estrutura uma concepção do desenvolvimento inicial primitivo que não é encontrada nos escritos de nenhum dos principais teóricos da psicanálise do século XX (Ogden, 2010). Ao mesmo tempo em que damos o devido destaque para as grandes contribuições do autor à tradição psicanalítica, também nos propomos a garimpar as construções mais inacabadas dele sobre os processos intersubjetivos, que são muito pouco conhecidas, mas nem por isso são menos relevantes ou menos férteis. A partir disso, defendemos que o autor trouxe para a psicanálise, de modo rudimentar, contribuições originais sobre a brincadeira e a arte. Também se permitiu recriar o setting psicanalítico de modo a adaptá-lo às necessidades emocionais de seus pacientes. Lançou novas luzes para a discussão sobre a experiência de perda e o sentimento de culpa. Propôs, a partir de sua experiência pessoal, um novo modo de compreender a repercussão das experiências traumáticas na relação do sujeito com o seu corpo. A nosso ver, ao enfatizarmos as construções mais rudimentares da obra de Fairbairn, que surgem nas brechas do grande sistema teórico que ele estava construindo, o nosso esforço é de criar um autor muito menos sólido do que ele se pretendia, muito menos consolidado. Esse trabalho de criar um autor nos exigirá um esforço detido de leitura de todo e qualquer texto de Fairbairn, principalmente daqueles que pareçam menos relevantes, de modo que a nossa tarefa será a de criar um autor que, paradoxalmente, sempre esteve lá, a espera de ser criado