Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Ali, Nabil Sleiman Almeida |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-29012019-191241/
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Resumo: |
Este trabalho aborda o processo da recepcao estetica do livro Grande Sertão: Veredas de Joao Guimaraes Rosa, considerado por muitos criticos como o maior livro da literatura brasileira do seculo XX, com base em entrevistas com dez leitores comuns, em sua maioria graduandos ou graduados em Psicologia. Como contraponto a esse material que transcrevemos e analisamos, realizamos outra entrevista com uma produtora cultural da obra rosiana, transposta para o teatro, tambem analisada e incorporada na discussao final do trabalho. Nossa experiencia com a recepcao estetica de escritos deste autor em salas de aula do curso de Psicologia de uma universidade particular nos revelou que tal literatura foi capaz de formar e transformar percepcoes, muitas vezes enrijecidas e impermeaveis as criticas e a reflexao, de objetos de trabalho que compoem a praxis de um psicologo, como preconceitos, verdades e mentiras puras, nocoes de bem e mal etc. Notamos, que a obra de Rosa efetivamente contribuiu para a percepcao de transcendencia, ascese (busca pelo alteamento moral) e epifania (contato com a metafisica) por meio do alumbramento. Causava-nos e ainda nos causa espanto, contudo, que o livro seja considerado dificil, com linguagem intransponivel e com escassos leitores, inclusive em camadas letradas da populacao. Verificamos, entretanto, que os leitores comuns entrevistados, nao so tiveram coragem para realizar a travessia do livro, mas perceberam suas proprias vidas ressoadas pelo jagunco-narrador Riobaldo e, sem duvida, realizaram uma apreensao estetica idiossincratica, nada padronizada, surgida de momentos diferentes da obra. Foi notavel que as proprias vozes dos entrevistados mostraram-se carregadas de uma linguagem poetica a romper padroes, obviamente composta de enorme carga emocional, tal qual a do narrador. Procuramos, tambem, nos aprofundar nas constituicoes psiquicas dos principais protagonistas da obra - Riobaldo e Diadorim - para tentarmos alcancar seus aspectos ontologicos e, ao mesmo tempo, esteticos absolutamente transgressivos da vivencia comum acontecida na maior parte da vida administrada pela sociedade normativa a que todos estamos submetidos. Chegamos a conclusao que, mais do que acionar capacidade para vivenciar experiencias verdadeiramente formativas, este romance e tambem um resgate de vozes de quem jamais teria voz nos produtos culturais padronizados e reificados. O que o enleva tambem como instrumento politico de acao no mundo e de transformacao social bastante poderoso |