A vulnerabilidade social e sua reprodução nas relações sociais: evidências da exposição prolongada a riscos no cotidiano da criança e da família

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Moura, Fernanda da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5141/tde-17062021-094134/
Resumo: Introdução: A alta vulnerabilidade social é compreendida como um fenômeno multidimensional, que apresenta a relação intrínseca entre a intensidade dos riscos e o nível de exposição no cotidiano. A construção deste conceito se associa a capacidade de resposta do sujeito às condições adversas de vida versus a ausência ou baixa oferta de oportunidades disponíveis na comunidade. Diante deste processo, o indivíduo que se constitui a partir das relações sociais passa a reproduzir as suas condições de vida em um processo cíclico de fragilização e riscos. Isto se reflete na vida em família, mas principalmente na relação com a criança. Objetivo: Identificar fatores estressores e compreender como a exposição prolongada à alta vulnerabilidade social afetam o desenvolvimento da criança e o bem-estar da família. Métodos: Foram utilizados dados da Coorte de Nascimentos do Hospital Universitário da USP, composta por crianças nascidas no período de 2012 - 2014, residentes da região Oeste de São Paulo, que reúne os territórios do Butantã e Jaguaré. O estudo é qualitativo, os dados foram obtidos por um roteiro de entrevista semiestruturado com 27 questões abertas e por um roteiro de observação com perguntas objetivas, que teve como finalidade a qualificação do território. Para utilização dos instrumentais empregamos duas técnicas, a entrevista e a observação. As entrevistas foram realizadas em domicílio mediante prévio agendamento e acompanhadas por um agente de desenvolvimento, que já conhecia a família e tinha fácil inserção no território. As entrevistas foram gravadas após consentimento das mães, depois transcritas e codificadas para a análise de conteúdo. Para a codificação utilizamos o software MAXQDA 2020. Resultados: 31 mães foram entrevistadas, a amostra alcançou a saturação temática. As entrevistas geraram 95 códigos, mencionados pelas entrevistadas aproximadamente 980 vezes. A questão do acesso é determinante da desigualdade, tanto na Saúde quanto na Educação, porém a satisfação com o serviço prestado pelas creches foi prevalente, assim como a visitação dos agentes comunitários de saúde. Entretanto, a assistência na Atenção Primária mostra que a qualidade do serviço prestado é insatisfatória. As drogas, as relações familiares, a infraestrutura do bairro e dos domicílios qualificaram o ambiente como estressor. Conclusões: As condições gerais de vida se mostraram precárias não somente pela pobreza, mas principalmente pela ausência de oportunidades. As mães trouxeram a forte perspectiva do processo intergeracional de vida frente às adversidades, mas também se apresentaram resilientes e emancipadas quando se conscientizaram que o filho poderia ou já estava sendo afetado pelas mesmas condições austeras. Encontraram na interação com a criança a força interna para produzir resiliência e redefinir suas identidades