Sentidos e sujeitos discursivos: filhos e netos do narcotráfico no movimento do discurso

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Patti, Ane Ribeiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-17072023-095744/
Resumo: Este trabalho pretende discutir, a partir dos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de filiação francesa e da psicanálise lacaniana, como alguns efeitos de sentidos de criança são construídos, constituídos no discurso dos filhos e netos do tráfico, a partir de relatos coletados na mídia áudio-visual e em trabalhos científicos publicados no país, tais como o livro da Professora e pesquisadora da USP, Marisa Fefferman (2006), intitulado Vidas arriscadas: o cotidiano dos jovens trabalhadores do tráfico, com seu corpus coletado na cidade de São Paulo; o livro do também pesquisador Luke Dowdney (2003), intitulado Crianças do tráfico: um estudo de caso de crianças em violência armada organizada no Rio de Janeiro; o documentário de Celso Athayde e M.V. Bill (2006a) intitulado Documentário Falcão - Meninos do tráfico. Com áudio e vídeo gravados do Programa Fantástico da Rede Globo de televisão, que editou o documentário e o exibiu em 19 mar. 2006; dos mesmos autores e produtores, utilizamos também o livro que adveio do documentário, com mesmo nome: Falcão - Meninos do tráfico (2006b) e um segundo livro dos mesmos autores em parceria com o pesquisador e Professor da UERJ, Luiz Eduardo Soares (2005), intitulado Cabeça de Porco, ambos os trabalhos com corpus coletados em diversas cidades brasileiras. Nos utilizamos também de cartuns de Angeli (2005a, 2005b e 2007) que portam uma denúncia sobre o tema escolhido e de algumas reportagens da mídia eletrônica. Perguntamo-nos: como essa criança \"adotada\" pelo tráfico constitui-se na linguagem e de que modo ancora-se em palavras já ditas para produzir sentidos sobre si mesma? Por onde vacila o sujeito em seus movimentos discursivos, tomando emprestada a voz de outros sujeitos que já circularam em outros lugares sociais? Como, na chamada sociedade pós-industrial, são produzidos sentidos sobre o infantil? Onde é que estes sujeitos-criança se espelham e de que maneira eles se constituem na cultura atando (ou não) os fios da/na linguagem? O que a indústria cultural dita sobre esse tema, o que equivale a formular, como as condições de produção dadas pelo tráfico de drogas no espaço urbano indiciam um modo singular de inscrição histórica do sujeito na linguagem? Todas estas questões são postas aqui como observatório do nosso interesse, chão sobre o qual iremos construir a teia do discurso ao longo desse trabalho, sem a pretensão de estabilizar sentidos na lógica do que \"é\" ser criança hoje, mas na trilha de analisar o discurso, a fala em curso do(s) sujeito(s) cuja voz faz falar um modo de estar incluído na infância e no tráfico. Portanto, há neste trabalho a tentativa de dar um norte para essas questões, sinalizando não um caminho em linha reta, mas a entrada em um labirinto, que se chama infância e que não cessa de reclamar sentidos, inscrever dizeres e afetar o adulto.