Atuação da enfermeira obstétrica: compreendendo a sua vivência e a realidade da assistência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Esser, Maria Angelica Motta da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-10052017-094156/
Resumo: Muitos esforços mundiais têm sido empregados para melhorar as condições de saúde na gestação e nascimento. A cada ano, aproximadamente 350 mil mulheres morrem durante a gravidez ou parto, sendo que 99% dessas mortes acontecem em países em desenvolvimento. O Ministério da Saúde vem desenvolvendo ações no sentido de melhorar o quadro da assistência materna, promovendo atividades para qualificar os profissionais e fomentar a atenção obstétrica e neonatal humanizada baseada em evidências científicas, além de garantir os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres brasileiras. O cenário encontrado é de marginalização da enfermagem obstétrica; a enfermeira obstétrica apresenta dificuldades na atuação, tanto na realização de consultas obstétricas quanto no acompanhamento do parto e nascimento. Sua prática se mostra desprivilegiada de poder, pois não há reconhecimento da sua qualificação profissional. Este estudo tem como objetivos compreender a vivência da enfermeira obstétrica no cenário da admissão, pré-parto, parto e pós-parto imediato e interpretar os aspectos facilitadores e dificultadores de sua inserção nos serviços de atenção maternal. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, desenvolvida com um grupo de enfermeiras obstétricas da cidade de Londrina-PR. A coleta de dados foi desenvolvida no mês de dezembro de 2015 através das seguintes etapas: 1. Entrevista individual e semiestruturada com 20 enfermeiras obstétricas, tendo como critério de seleção a atuação nos serviços de atenção materna, nos setores de admissão, pré-parto, parto e pós-parto imediato por pelo menos um ano; 2. Aplicação da metodologia Photovoice com a participação de 10 enfermeiras obstétricas, pretendendo compreender as fragilidades e potencialidades encontradas em sua prática assistencial. Nesta fase, as enfermeiras obstétricas produziram e apresentaram as fotografias em um grupo focal para discussão, gerando os temas de análise, que, em conjunto com os dados obtidos nas entrevistas individuais, formaram a base teórica que possibilitou alcançar os objetivos propostos no estudo. O referencial teórico adotado foi a antropologia interpretativa, com o enfoque na cultura das organizações, que permitiu a análise e compreensão dos dados. Os resultados foram descritos e analisados em torno de cinco categorias temáticas, das quais as três iniciais emergiram das entrevistas iniciais e as outras duas do grupo focal com a metodologia photovoice, a saber: Acolhimento e vínculo: cuidados assistenciais que transmitem segurança à parturiente; Autonomia na enfermagem obstétrica: percepções da prática assistencial; Sentimentos emanados na atenção da enfermeira obstétrica nos cenários da admissão, pré-parto, parto e pós-parto imediato; Fatores facilitadores na assistência da enfermeira obstétrica: potencialidades emanadas nos cenários de admissão, pré- parto, parto e pós-parto imediato; Fatores dificultadores na assistência da enfermeira obstétrica: fragilidades afloradas nos cenários de admissão, pré-parto, parto e pós-parto imediato. A situação encontrada é a de desprivilégio da assistência obstétrica: em quase todas as instituições prevalece ainda o modelo biomédico, concentrado em intervenções e com poucas ações de humanização. Mesmo quando as enfermeiras obstétricas estão inseridas na assistência, elas encontram obstáculos para o desenvolvimento de sua prática assistencial, tanto pela equipe multiprofissional em que estão inseridas quanto pelas organizações onde atuam. Foram apontados como facilitadores/potencialidades o estabelecimento do planejamento familiar, a humanização na assistência ao parto, o trabalho em equipe, a educação continuada e permanente, a autonomia, a infraestrutura adequada. Já como pontos fragilidades/dificuldades, a ausência de pré-natal completo, a falta de realização de partos nas maternidades onde atuam, a ausência ou demora no estabelecimento do contato precoce mãe e filho, a falta de informatização nos processos burocráticos, a violência obstétrica e a falta de estrutura adequada. Por fim, considera-se que os resultados apontaram para uma realidade cultural que não pode ficar omissa. As enfermeiras obstétricas são profissionais capacitadas para atuarem na humanização da assistência e contribuírem para a redução de índices de morbimortalidade materna em nosso país. Logo, os achados deste estudo podem fomentar ações e mudanças nas organizações de saúde.