Barganhando sobrevivências: os trabalhadores centro-africanos da expedição de Henrique de Carvalho à Lunda (1884-1888)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Santos, Elaine Ribeiro da Silva dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-15082011-084606/
Resumo: Entre os anos de 1884 e 1888, o militar português Henrique Augusto Dias de Carvalho realizou uma grande expedição que partiu de Luanda e atingiu a mussumba (capital) da Lunda, governada pelo muatiânvua. Levava consigo vários objetivos, em parte determinados pelos interesses dos poderes governamentais de Lisboa, em parte por suas aspirações de saber científico. A esta expedição agregaram-se diferentes grupos de africanos, trabalhadores atraídos ou arregimentados que se revelaram responsáveis, em grande parte, pelo andamento da viagem. Tendo como referência a narrativa desta expedição, produzida por Henrique de Carvalho, a presente pesquisa é uma tentativa de reconstituir a história de vida desses homens e mulheres, dimensionando suas experiências a partir do pressuposto de que não foram marginais à organização e êxito do empreendimento português. Inserida a problemática no contexto mais amplo de processos históricos relacionados ao advento da política imperialista na segunda metade do século XIX, a atuação destes trabalhadores africanos foi analisada nos termos em que se rearticularam as formas de exploração do trabalho, acarretadas pelas abolições do tráfico de escravizados e da própria escravidão em regiões africanas. Importou-nos verificar não só as formas de participação de carregadores, guias e intérpretes na expedição de Henrique Carvalho, como também as respostas dadas por parte dos diferentes grupos africanos às formas de trabalho às quais se encontravam submetidos. Sob tal perspectiva, a investigação sobre a vivência destes trabalhadores, tal como registrada na obra do militar português, foi uma proposta de perscrutar resistências por meio do entendimento das suas noções de direitos e de deveres, formas de organização de tarefas, práticas cotidianas, estratégias no trato com as autoridades africanas e com o comando da expedição.