Didrogesterona versus progesterona como suporte de fase lútea: revisão sistematizada e meta-análise de ensaios clínicos randomizados

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Barbosa, Marina Wanderley Paes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17145/tde-24042018-180001/
Resumo: Justificativa: Há evidências de que o uso de progesterona para suporte de fase lútea melhora os resultados reprodutivos em mulheres submetidas a técnicas de reprodução assistida (TRA). Há várias hipóteses para justificar a deficiência de fase lútea após a estimulação ovariana controlada (EOC) para TRA. Atualmente, acredita-se que os níveis supra-fisiológicos de esteroides alcançados durante a EOC persistem após a aspiração folicular, graças à formação de múltiplos corpos lúteos. Dessa forma, ocorre um feedback negativo prematuro na secreção de hormônio luteinizante (LH), causando um defeito da fase lútea e baixos níveis de progesterona. A progesterona natural por via intramuscular ou vaginal apresenta efeitos comparáveis sobre os parâmetros de gravidez clínica e gravidez em curso, embora as pacientes possam apresentar vários efeitos colaterais, como dor e abscesso local com a progesterona intramuscular, e corrimento vaginal, irritação perineal e interferência com o coito com a progesterona vaginal. Desta forma, a didrogesterona, uma progesterona sintética com boa biodisponibilidade oral, vem sendo estudada como uma alternativa para suporte de fase lútea em mulheres submetidas à TRA. Objetivo: Comparar a didrogesterona oral com a progesterona vaginal como suporte de fase lútea em ciclos de reprodução assistida. Métodos de busca: As buscas por ensaios clínicos randomizados (ECRs) foram realizadas nos principais bancos eletrônicos de dados; além disso, examinamos manualmente as listas de referências dos estudos incluídos em revisões semelhantes. A última busca eletrônica foi feita em 18 de outubro de 2015. Critérios de Seleção: Apenas estudos verdadeiramente randomizados que comparassem o uso da didrogesterona com a progesterona como suporte de fase lútea foram considerados elegíveis. Os estudos que permitiam a inclusão de uma mesma paciente duas vezes foram incluídos apenas se os dados do primeiro ciclo estivessem disponíveis. Coleta e Análise de Dados: Dois revisores avaliaram, independentemente, a elegibilidade dos estudos, extração de dados e os riscos de vieses dos estudos incluídos. Quaisquer discordâncias foram resolvidas por consenso. Quando necessário, os autores dos estudos incluídos foram contatados para maiores informações. Resultados: A busca selecionou 343 registros, 8 dos quais eram elegíveis. Nenhum estudo relatou nascidos vivos. Não há diferença relevante entre didrogesterona oral e progesterona vaginal para gravidez em curso, (RR 1.04, IC 95% 0.92 a 1.18, I² = 0%, p = 0.53, 7 ECRs, 3,134 mulheres), gravidez clínica (RR 1.07, IC 95% 0.93 a 1.23, I² = 34%, p = 0.35, 8 ECRs, 3,809 mulheres), e para abortamento (RR 0.77, IC 95% 0.53 a 1.10, I² = 0%, p = 0.15, 7 ECRs, 906 gestações clínicas). Três estudos reportaram o grau de insatisfação com o tratamento. Dois deles mostraram uma redução importante na insatisfação entre as mulheres que utilizaram didrogesterona em comparação com a progesterona vaginal: didrogesterona oral = 2/79 (2.5%) vs. progesterona vaginal em cápsulas = 90/351 (25.6%), e didrogesterona oral = 19/411 (4.6%) vs. progesterona vaginal em gel = 74/411 (18.0%); o outro estudo não mostrou diferença na taxa de insatisfação: didrogesterona oral = 8/96 (8.3%) vs. progesterona vaginal em cápsulas = 8/114 (7.0%). Conclusão: As evidências atuais sugerem que o uso de didrogesterona oral é tão eficaz quanto a progesterona vaginal como suporte de fase lútea em ciclos de reprodução assistida. Em relação ao grau de satisfação com o tratamento, a didrogesterona oral parece causar menos insatisfação entre as pacientes, em comparação ao uso de progesterona vaginal.