Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Neder, Kaira |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59141/tde-24022023-145143/
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Resumo: |
A participação das mulheres no mercado de trabalho aumentou progressivamente nas últimas décadas, fato que, concomitante ao estabelecimento da Educação Infantil como um direito da criança, contribuiu para que cada vez mais bebês frequentassem Instituições de Educação Infantil (IEI). Dentre os vários elementos ligados a esse fato, encontram-se os aspectos emocionais do bebê nesse processo de ingresso, com ênfase na vinculação. Dessa forma, interrogou-se como se daria o processo de construção de vínculo entre professoras e bebês que passam a frequentar IEI. Com isso, traçou-se a hipótese de que bebês são capazes de construir vínculo com suas professoras, ainda no primeiro de vida, e de que essas relações variam em conformidade com características e dinâmicas próprias à díade. Definiu-se, assim, o objetivo de investigar como se desenrolam os processos de construções de vínculo do bebê durante a transição com diferentes professoras. Para tal, conduziram-se dois estudos de caso a partir de videogravações de dois bebês em seu primeiro ano de vida (Isabela e Carolina), ao longo dos dois primeiros meses de frequência, em duas instituições de educação infantil. Optou-se por uma estratégia metodológica qualitativa, ancorada na perspectiva teórico-metodológica da Rede de Significações, de embasamento histórico-cultural. Seguindo os pressupostos dessa perspectiva, as videogravações foram vistas exaustivamente e todo o seu conteúdo foi descrito, buscando criar categorias que fossem indicativas de vínculo na relação com as professoras. A partir das categorias foram selecionados episódios ao longo dos quatro dias de videogravação, os quais foram analisados de modo a compreender se os indicativos de vínculo ocorriam diferencialmente tanto quantitativa quanto qualitativamente com as professoras responsáveis pelos seus cuidados/educação naqueles ambientes. Realizou-se, para tal, o registro da ocorrência de categorias relativas aos indicativos de vínculo em todos os episódios selecionados a partir de gráficos panorâmicos. Isso levou à identificação de relações diferenciais e orientou a seleção de alguns episódios para serem analisados microgeneticamente. Os resultados demonstraram como ambos os bebês construíram relações de vínculo discriminadas com duas professoras da instituição ao mesmo tempo, e que cada relação era dotada de padrões interativos particulares, com características e funções próprias. Ademais, houve diferenças nos subtipos de indicativos de vínculos por cada bebê: Isabela predominantemente se expressava com sorrisos e apresentou bem-estar emocional coletivo desde o primeiro dia de frequência; Carolina apresentou reação extrema à separação dos pais e, em seguida, das professoras, com choro e solicitude de contato físico. A partir dessas particularidades, questionou-se a universalidade de demarcadores comportamentais de vínculo, na medida em que a construção dos vínculos pareceu se relacionar com características individuais das crianças, às suas idades, ao modo como cada professora se relacionava com os bebês, assim como a aspectos da instituição. Por fim, os indicativos de vínculo, com ênfase nos sorrisos e bem-estar coletivo, mas também busca por colo (comportamento executório) ou promoção de segurança emocional (cessar de choro) ocorreram em grande quantidade nos momentos lúdicos e dirigidos ao grupo, em detrimento de apenas nos momentos de interação diádica e de cuidado, muito valorizados pela literatura. Ressalta-se a importância dos dados na medida em que eles enfatizam as capacidades dos bebês de construírem múltiplas relações no primeiro ano de vida e de participarem de seu contexto, o que permite pensar a prática pedagógica para além de práticas maternalistas com ênfase apenas no aspecto do cuidado. |