Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2012 |
Autor(a) principal: |
Hening, Reinaldo Oliveira |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-14092012-115057/
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Resumo: |
Antonio Candido, na Formação da Literatura Brasileira, disse que a vocação ecológica de nosso romance, nossa fome tão característica de espaços, em boa medida foi a forma que nossos primeiros romancistas teriam encontrado para substituir complexidade e variedade sociais supostamente inexistentes no Brasil àquela altura, que seriam, segundo ele, a própria carne da ficção de alto nível. Numa sociedade recém emancipada, com poucos nichos de urbanização, caracterizada por uma rede pouco vária de relações sociais em que os conflitos entre ato e norma seriam menos frequentes, o caráter paisagístico e investigativo de nosso primeiro romance teria sido a um só tempo muleta e solução privilegiada. Esse pensamento se alinha à tendência mais geral da teoria do romance de considerar como elementos fundamentais do gênero a ascensão da burguesia capitalista e a consolidação do realismo individualista. Os heróis do romance passam a ser então os heróis do individualismo econômico, o que demonstraria a coerência entre o gênero e os rumos filosóficos e econômicos da sociedade moderna. Concorda com ele, por exemplo, Lúcia Miguel-Pereira, para quem, sendo o gênero literário que mais diretamente se nutre da vida de relação, dificilmente poderia o romance atingir a culminâncias numa sociedade sem estratificações profundas, de fraca densidade espiritual. Pois bem, se o romance não pode lidar com os elementos essenciais da vida de modo geral e abstrato, mas tal como se revela através de determinado grupo humano, ou seja, socialmente verossímil como prega a mesma Lúcia Miguel-Pereira, então como explicar a complexidade e a modernidade de um narrador como Riobaldo e a qualidade de um romance como Grande Sertão: Veredas, se alocados no suposto isolamento de um sertão patriarcal? Partindo desse problema central, busca-se nesta pesquisa fundamentalmente a partir das relações entre a figuração espacial do romance e o ethos desse narrador sertanejo, entender como o espaço e o contexto social periféricos podem ter interferido na forma do romance, já que, como coloca Franco Moretti: Um novo espaço encoraja mudanças de paradigma [...] porque coloca novos problemas e dessa forma pede novas respostas. Força escritores a assumir riscos e tentar combinações inauditas. |