(Des)envolvimento profissional docente na trilha do deslocamento: uma tessitura subjetiva

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Bocchio, Maria Julia Camargo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59140/tde-02032023-104155/
Resumo: Diversas são as pesquisas que têm como objeto de estudo a docência e seus aspectos formativos. Porém, poucas delas se interessam pela constituição dos sujeitos professores, uma vez que promovem o apagamento das subjetivações e identificações, ocasionando o hiato entre profissionalização e os efeitos de subjetividades docentes. Esse fato tende a aprofundar as características alienantes e dessimbolizantes do neoliberalismo, o qual busca homogeneizar, padronizar, controlar e culpabilizar os sujeitos professores e suas práticas pedagógicas por meio da alteração provocada no simbólico. Nessas condições, impera a cultura da reprodução, na qual os sentidos tornam-se cristalizados e pouco problematizados. É diante dessa problemática que a pesquisa aqui exposta toma como objeto de estudo o (des)envolvimento profissional docente na perspectiva constitutiva, o que nos permite subverter as proposições dessimbolizantes do neoliberalismo, já que entra em cena o registro do simbólico na profissionalização. Para tanto, nos apoiamos nos conceitos da Análise de Discurso de matriz francesa pecheutiana e nas considerações da psicanálise freudo-lacaniana. Ambas nos permitiram reconhecer o (des)envolvimento profissional enquanto processo contínuo e simbolizante, que se move pelas relações de desejo dos professores com os conhecimentos advindos da formação inicial e continuada. Por isso, buscamos no processo de significação, simbolização e deslocamento de sentidos o centro para que a docência deixe de ser reprodutora e dessimbolizante para se tornar constitutiva. Foram feitas entrevistas semiestruturadas com oito professores de duas diferentes escolas estaduais paulistas. Os resultados das análises apontam para três processos diferentes de subjetivação. No primeiro grupo de professores, encontramos o alinhamento à formação discursiva dessimbolizante neoliberal, vivenciando o desenvolvimento profissional na esteira pré-programada; no segundo grupo foi constatado o questionamento de tal formação discursiva mas não seu deslocamento, pois as relações com os conhecimentos não estavam na esteira do desejo, mas sim da utilidade; já no terceiro grupo, por meio do conceito de autoria, conseguimos perceber a experiência do professor em seu (des)envolvimento profissional, constituindo-se na profissionalização por meio da ressignificação de sentidos impostos, encontrando furos no cristalizado e desidentificando-se, portanto, da formação discursiva dessimbolizante.