Práticas educacionais e processos de subjetivação em meio a propostas de desescolarização: Tensões, potências e perigos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Gonçalves, Marcela Peters Cremasco
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-05012017-100402/
Resumo: Vivemos numa sociedade constituída e constituinte de relações marcadas por desigualdades econômicas, sociais, de classe, de raça, de gênero, etc. e produtora de opressões, dominações e assujeitamentos. A educação é um campo atravessado pelas correlações de força, pelos dispositivos de poder vigentes e por tais desigualdades; nesse campo se coloca em disputa práticas que podem servir à manutenção da opressão, da dominação e do assujeitamento ou que se produzem como resistência. A presente dissertação aborda questões relativas a práticas educacionais nomeadas por desescolarização adentrando na experiência de um grupo específico, o Barro Molhado buscando evidenciar tensões, potências e perigos que as compõem. Tendo como embasamento produções de pensadores da Filosofia da Diferença, sobretudo, Deleuze, Guattari, Foucault e foucaultianos, procuramos discorrer sobre as formas e relações de poder que estão em jogo na constituição das práticas educacionais, tanto dentro da escola, como nos formatos que prescindem do sistema regular de ensino, e realizar uma crítica em relação aos processos de subjetivação forjados na atualidade. Procuramos afirmar as lutas que culminaram na instituição da educação como direito e em sua efetivação através da escolarização, assim como, os esgotamentos presentes no sistema regular de ensino e as potências de propostas alternativas que buscam se configurar como educação formal. Não-diretividade e não-intervenção tornaram-se princípios centrais na discussão sobre das maneiras de pensar e de agir dos adultos em relação às crianças. Retomamos pensamentos de Hannah Arendt sobre o campo da educação, sua relação com o domínio da política e sua dimensão pública, buscando problematizar tais princípios e discutí-los na contraposição entre autoritarismo e autoridade. Em nosso tempo, atravessado por ideia de liberdade e autonomia, as formas de aprisionamento, dominação e assujeitamento se tornam veladas, dando margem para o enrijecimento do controle através de aparências libertárias. A noção de governamentalidade, forjada por Foucault, se constitui como uma ferramenta analítica que nos permite adentrar na agonística presente na relação entre governo e liberdade, potencializando rupturas com as naturalizações vigentes e a criação de novos possíveis. Retomamos a afirmação de Foucault (1995b): Minha opinião é que nem tudo é ruim, mas tudo é perigoso, o que não significa exatamente o mesmo que ruim. Se tudo é perigoso, então temos sempre algo a fazer (p.256). Se tudo é perigoso, qualquer uma das formas das práticas educacionais escolhidas, estejam elas dentro ou fora do sistema regular de ensino, envolvem riscos. Se há sempre algo a ser feito, apoiamo-nos no pensamento de Deleuze (1992b) para criar estratégias de enfrentamento no tempo que habitamos. Não basta estar fora da escola para romper com as amarras de nosso tempo; ao mesmo tempo, inventar maneiras de viver e educar que rompam com o que domina no cenário escolar é expressão da potência de criação, resistência, e pode se constituir como máquina de guerra