Caracterização da resistência de Helicoverpa armigera (Lepidoptera: Noctuidae) a chlorantraniliprole e avaliação de mistura com Bacillus thuringiensis (Eubacteriales: Bacillaceae) como estratégia de manejo da resistência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Führ, Fábio Miguel
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11146/tde-17052023-154854/
Resumo: Inseticidas do grupo das diamidas têm sido bastante utilizados como uma das ferramentas no manejo de Helicoverpa armigera (Hübner). Recentemente, reduções significativas na suscetibilidade de populações de H. armigera a inseticidas diamidas foram reportadas no Brasil, com a caracterização da resistência a flubendiamide (diamida derivada de ácido ftálico). A linhagem de H. armigera resistente a flubendimide não apresentou resistência cruzada a diamidas antranílicas, como por ex. chlorantraniliprole. Nesse contexto, para o melhor entendimento da resistência de H. armigera a inseticidas diamidas e estabelecer estratégias de Manejo da Resistência de Insetos (MRI), os objetivos deste estudo foram: i) realizar o monitoramento da suscetibilidade a chlorantraniliprole em populações de H. armigera do Brasil; ii) selecionar uma linhagem de H. armigera resistente a chlorantraniliprole para entender o padrão de herança; iii) avaliar a resistência cruzada a outros inseticidas diamidas; iv) avaliar custos adaptativos associado à resistência; e v) avaliar a mistura de chlorantraniliprole com Bacillus thuringiensis Berliner como estratégia de manejo da resistência. Mediante o uso de bioensaio de dose diagnóstica de 0,99 g i.a. cm-2, foi observada uma redução significativa na suscetibilidade a chlorantraniliprole em populações de H. armigera nas safras agrícolas de 2020/21 e 2021/22, com sobrevivências de 4,63% até 30,8% nas diferentes populações avaliadas. A seleção da linhagem de H. armigera resistente a chlorantraniliprole (R-CHL) foi realizada pelo método de F2 screen, a partir de uma população coletada em Itiquira, Estado de Mato Grosso na safra 2020/21. Após 10 gerações de pressão de seleção com doses crescentes a partir da dose diagnóstica até 2,85 µg i.a. cm-2, a razão de resistência (RR) da linhagem R-CHL para chlorantraniliprole foi de 142 vezes. A partir de cruzamentos recíprocos entre as linhagens suscetível e R-CHL, o padrão de herança da resistência de H. armigera a chlorantraniliprole foi autossômico e incompletamente dominante. Retrocruzamentos de heterozigotos com a linhagem suscetível revelaram que a resistência de H. armigera a chlorantraniliprole é poligênica. Foi constatada resistência cruzada entre chlorantraniliprole e as diamidas cyclaniliprole (28 vezes), cyantraniliprole (422 vezes) e flubendiamide (>20.000 vezes). A presença de custo adaptativo associado à resistência de H. armigeraa chlorantraniliprole foi verificada quando as lagartas se alimentaram em dieta artificial, baseado em parâmetros da tabela de vida de fertilidade. Contudo, o custo adaptativo não foi observado quando os insetos se alimentaram em folhas de soja. Por fim, a partir de análises de isobologramas e estudos de persistência da atividade biológica dos inseticidas em condições de campo, a mistura de chlorantraniliprole e B. thuringiensis não apresentou benefícios para o manejo da resistência de H. armigera a chlorantraniliprole. Os resultados deste trabalho evidenciam o alto risco de evolução da resistência de H. armigera a chlorantraniliprole e outras diamidas.