Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Abbade Neto, Dyrson de Oliveira |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11146/tde-05082021-170443/
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Resumo: |
A evolução da resistência a inseticidas é atribuída a diversos fatores envolvendo a espécie de inseto, o inseticida e o sistema agrícola, o que torna a dinâmica da resistência inconstante e dependente desses fatores. A pressão de seleção devido ao uso de inseticidas gera um aumento na frequência de indivíduos resistentes no ambiente. Na ausência da pressão de seleção pelo inseticida, há possibilidade de se verificar o restabelecimento da suscetibilidade atribuído à presença de custos adaptativos associados à resistência e/ou fluxo gênico de indivíduos suscetíveis de áreas não tratadas para as tratadas. Sendo assim, para entender a dinâmica da resistência a inseticidas diamidas em Helicoverpa armigera (Hübner) no Brasil foram conduzidos estudos de (i) Monitoramento da suscetibilidade aos inseticidas flubendiamide, chlorantraniliprole e cyantraniliprole em populações de H. armigera coletadas nas principais regiões produtoras do Brasil nas safras de 2014 a 2020; (ii) Seleção e caracterização do padrão de herança da resistência de H. armigera a flubendiamide e resistência cruzada a outros inseticidas diamidas; e (iii) Custos adaptativos associados à resistência de H. armigera a flubendiamide mediante condução de estudos de tabela de vida de fertilidade, comportamento de defesa contra o predador Podisus nigrispinus (Dallas) e estabilidade da resistência na ausência de pressão de seleção em uma população heterogênea formada por 50% de indivíduos suscetíveis e 50% de indivíduos resistentes. O monitoramento da suscetibilidade a inseticidas diamidas foi realizado com bioensaios de tratamento superficial da dieta artificial com doses diagnósticas (DL99) de cada inseticida definidas previamente. Reduções significativas na suscetibilidade a esses inseticidas foram observadas em populações de H. armigera no decorrer das safras agrícolas, com porcentagens de sobrevivência nas doses diagnósticas aumentando de 0% na safra de 2014 para 3,75 a 54,5 % na penúltima safra avaliada - 2019, dependendo do inseticida e da localidade. A seleção da linhagem de H. armigera resistente a flubendiamide foi realizada a partir da população dessa praga coletada em Luis Eduardo Magalhães-BA em 2016, mediante uso de doses crescentes de 2,64 μg i.a.cm-2 a 157,89 μg i.a.cm-2 por ≈ 14 gerações. A razão de resistência obtida para flubendiamide foi > 50.000 vezes. O padrão de herança da resistência a flubendiamide foi definida como autossômica, incompletamente dominante e monogênica. Foi observada uma baixa resistência cruzada entre flubendiamide e os inseticidas chlorantraniliprole e cyantraniliprole, com uma razão de resistência de 4,7 e 5,6 vezes respectivamente. Pela análise dos resultados da tabela de vida de fertilidade, há custo adaptativo associado à resistência de H. armigera a flubendiamide, com redução de 35% na fecundidade das fêmeas resistentes e heterozigotas em comparação com as fêmeas suscetíveis. A presença de custo adaptativo também foi observada no comportamento de defesa de lagartas de terceiro ínstar de H. armigera contra o ataque de P. nigrispinus, afetando a linhagem resistente com a redução da distância percorrida em 47% e da velocidade de movimento em 36% quando comparadas com as linhagens suscetível e heterozigota, indicando assim que as lagartas resistentes podem ser mais suscetíveis a serem predadas por P. nigrispinus. Por fim, houve restabelecimento da suscetibilidade de H. armigera a flubendiamide na população heterogênea, com redução da frequência de resistência de 53,9% para 5,54% em 9 gerações na ausência de pressão de seleção. Os resultados do presente trabalho evidenciam alto risco de evolução da resistência de H. armigera a inseticidas diamidas no Brasil, principalmente devido ao caráter dominante da resistência e à presença de resistência cruzada entre inseticidas diamidas. Contudo, a resistência de H. armigera a flubendiamide foi altamente instável devido à presença de custos adaptativos associados a parâmetros biológicos e suscetibilidade à predação por P. nigrispinus. Portanto, a instabilidade da resistência de H. armigera a flubendiamide pode ser explorada em programas de manejo da resistência para preservar a vida útil de inseticidas diamidas no manejo dessa praga no Brasil. |