A relação da violência com a saúde mental e estado nutricional de mulheres na gestação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Biagio, Leonardo Domingos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6138/tde-03112023-095519/
Resumo: Introdução: A violência contra as mulheres é reconhecida como uma violação dos direitos humanos e importante problema de saúde pública, com significativas consequências na saúde física, mental, sexual e reprodutiva. Os transtornos mentais desencadeados pela violência, podem afetar a habilidade de autocuidado, o estado nutricional e o consumo alimentar. Existem evidências internacionais de que a violência durante a gestação pode influenciar na saúde materna e do concepto, mas nota-se ausência de pesquisas na literatura nacional e internacional que avaliam a relação da violência com a saúde mental e o estado nutricional de gestantes. Objetivo: Avaliar: 1) a associação da violência com a saúde mental e estado nutricional de gestantes; 2) os fatores associados à violência doméstica (VD) em gestantes durante a pandemia da COVID-19. Métodos: Estudo transversal inserido em dois estudos maiores, intitulados \"Relação entre adiposidade materna e adiposidade do concepto nos períodos fetal, neonatal e no primeiro ano de vida: estudo prospectivo de base populacional\" e \"Violência Comunitária e Saúde Mental de gestantes no Município de Araraquara\". A amostra incluiu gestantes com idade gestacional &le; 26 semanas que receberam acompanhamento pré-natal nas 34 Unidades de Saúde da Rede de Atenção Básica de Araraquara, Américo Brasiliense e Santa Lúcia. Para avaliar a violência, foram utilizados os instrumentos - World Health Organization Violence Against Women e Abuse Assessment Screen. Na investigação da saúde mental foram utilizadas o General Health Questionnaire e o Patient Health Questionnaire. O estado nutricional da gestante foi avaliado pelo Índice de Massa Corporal. Para avaliar a relação entre a violência, saúde mental e estado nutricional, foi utilizado modelo de regressão logística multivariada e o efeito da mediação foi avaliado pelo PROCESS macro. Resultados: Os resultados descritos nos artigos desta dissertação foram: I) A maioria das gestantes (87%) tinham entre 20 e 30 anos de idade e, de acordo com o índice de massa corporal, 113 (28,3%) eram obesas/sobrepeso. A experiência de VD em qualquer momento da vida foi relatada por 52,2% das gestantes e a violência psicológica foi o tipo de VD mais prevalente (19,5%). 42,7% das gestantes apresentavam alterações da saúde mental. A saúde mental alterada aumenta o risco de a gestante ser obesa (OR=2,34). Apenas a violência psicológica se associou positivamente à obesidade (p=0,010) quando mediada por alterações da saúde mental. O efeito de mediação foi significativo, &beta;=0,708 (IC 95% BCa= 0,004-1,460). A variável alterações de saúde mental mediou aproximadamente 46,1% da relação entre violência psicológica e obesidade. II) A análise de regressão múltipla revelou que a violência em qualquer período da vida e a violência psicológica estiveram associadas positivamente com o estado civil solteira e com alterações na saúde mental (p <0,001). As gestantes que sofreram violência durante a vida apresentaram maior probabilidade de ter alterações na saúde mental (OR= 4,44) e o risco de uma mulher com história de violência psicológica sofrer alterações na saúde mental foi 5,03 vezes maior, em comparação com gestantes sem relato de violência (p <0,001). Conclusões: A relação entre a violência psicológica e a obesidade durante a gravidez foi mediada por alterações na saúde mental. Este estudo original mostra que o estado nutricional não se limita aos fatores biológicos e destaca a importância dos fatores sociais, mentais e psicológicos. Várias medidas podem ser utilizadas para prevenir a violência doméstica, como a formação dos profissionais de saúde envolvidos nos cuidados pré-natais para que identifiquem precocemente as mulheres com estado civil solteiro e com alterações na saúde mental, que foram as que apresentam maior risco de violência.