Resumo: |
Embora existam modelos de simulação para estimativa das exigências nutricionais e do desempenho de bovinos de corte, como o National Research Council – NRC (1996), esses foram desenvolvidos para condições específicas do país de origem. O Brasil não possui publicações com informações completas e atualizadas sobre exigências nutricionais, estimativa de desempenho e recomendações de alimentação para ruminantes. Outra limitação é que não há integração das recomendações com ferramentas de otimização e simulação de programas nutricionais. O objetivo deste trabalho foi parametrizar e validar um modelo baseado no sistema californiano de energia líquida, incorporando recentes resultados de pesquisa com animais zebuínos, aplicáveis às condições brasileiras. Após a inclusão de equações e alterações de parâmetros, o modelo proposto foi avaliado de duas formas: a partir de resultados experimentais independentes e, a partir de resultados obtidos em confinamentos comerciais do Brasil Central. A acurácia e a precisão do modelo foram testadas comparando o consumo de matéria seca (CMS) e o ganho de peso em jejum (GPDj) preditos pelo modelo aos valores observados. Regressões lineares foram traçadas entre valores preditos e observados e os resíduos foram descritos em função de algumas variáveis. Para predição de CMS e GPDj em situações experimentais os coeficientes de determinação (R2 ) foram 67,9 e 48,7%, respectivamente. Neste contexto, quando se tem total controle da alimentação e homogeneidade dos animais no lote, o modelo prediz satisfatoriamente o desempenho. Na análise de regressão do CMS de animais inteiros de confinamentos comerciais os R2 de 85,0 e 74,0% para mestiços e Nelores, respectivamente são relativamente altos frente a grande variabilidade dos animais comerciais brasileiros, principalmente quanto à idade e nutrição prévia. A estimativa do CMS de castrados obteve coeficientes de determinação mais baixos (R2 de 62,4% para mestiços). Os erros destas predições parece estarem associados à não contabilização das perdas de alimento no cocho as quais não foram mensuradas como também à falta de dados que representem o crescimento compensatório e o tamanho corporal, já que no banco de dados estas variáveis não estavam adequadamente descritas. Na predição de GPDj em confinamento comercial, o modelo mostrou uma tendência de superestimação que se deve provavelmente ao fato do mesmo ter sido estimado a partir de um CMS observado que não é de fato o real por não levar em conta as perdas de alimentos. O modelo não estimou de forma fiel o desempenho de animais menos eficientes, que geralmente são mantidos por mais tempo, ganhando menos peso e provavelmente depositando mais gordura na carcaça. Este erro pode ser explicado porque embora o animal inicie o confinamento em crescimento compensatório, em confinamentos muito longos, na segunda parte do período de alimentação os animais efetivamente já não apresentam mais compensação. Isto sugere que a simulação deve ser feita em duas etapas. Em resumo, a menor eficiência nas predições de dados comerciais parece estar relacionada à falhas na descrição do ganho compensatório, avaliação do tamanho corporal e não contabilização das perdas de alimento no cocho. |
---|