Um olhar wittgensteiniano sobre a alfabetização matemática

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Cardoso, Cintia Maria
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-23062021-105622/
Resumo: Este trabalho apresenta uma análise das concepções de linguagem em que se apoiam os documentos oficiais que orientam a alfabetização matemática no Brasil, as formas de abordagem dos problemas com os quais os professores se deparam no processo de alfabetização matemática a partir dos documentos do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) e a relação teoria e prática contida nesses documentos. Trata-se de uma pesquisa teórica, de natureza qualitativa, que toma como objeto de investigação os documentos oficiais que norteiam a temática da Alfabetização Matemática no Brasil. O estudo inspirou-se no modo de fazer filosofia do segundo Wittgenstein, que pode ser definido como uma atividade terapêutica que busca descrever os usos de palavras com a finalidade de dissolver confusões conceituais, criadas pela má compreensão da gramática de nossa linguagem. Defende-se a hipótese de que a proposta de Alfabetização Matemática presente nas diretrizes curriculares do PNAIC apresenta algumas confusões conceituais, ao adotar uma concepção referencial da linguagem matemática, pois busca fundamentos conceituais no universo extralinguístico e/ou não tem clareza do uso (descritivo ou gramatical) que faz dos conceitos e das expressões. Em particular, essas diretrizes propõem metodologias ancoradas em uma perspectiva construtivista da Alfabetização Matemática, pautadas em pressupostos empíricos, o que pode conduzir a alguns equívocos de natureza conceitual no que tange ao ensino e à aprendizagem da matemática na etapa da alfabetização. Um dos equívocos a que essa prática pode levar é acreditar que a criança vá descobrir verdades matemáticas a partir da experimentação empírica. Constatou-se que a concepção referencial da linguagem impregna os documentos do PNAIC e que algumas atividades sugeridas nesses documentos não levam em consideração a natureza normativa dos enunciados matemáticos e acabam por incorrer numa concepção dogmática de ensino e de aprendizagem da atividade matemática com base no intuicionismo e no empirismo, com implicações nas práticas pedagógicas propostas que obscurecem a natureza do conhecimento matemático e podem levar a dificuldades de aprendizagem. Como a Alfabetização Matemática é a etapa de escolarização em que a criança inicia o aprendizado formal do conhecimento matemático, aprender a fazer uso e aplicar as normas e as regras dos conteúdos matemáticos é imprescindível para que ela aprenda formalmente a manipulá-los e aplicá-los. A partir da perspectiva wittgensteiniana, propõe-se um outro olhar sobre a Alfabetização Matemática, que leve em conta o papel que a linguagem desempenha na compreensão dos enunciados matemáticos e que possibilite novas formas de se pensar o aprendizado da matemática.