Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Borin, Marilia Flavia de Camargo |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48135/tde-30092020-170240/
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Resumo: |
À luz do pensamento de Wittgenstein pós Tractatus, a pesquisa criticará alguns aspectos das implicações da concepção construtivista no ensino da alfabetização, questionando a interpretação proposta pelo modelo explicativo de aprendizagem da escrita e da leitura, presente, especialmente, na obra psicogênese da língua escrita de Emília Ferreiro e Ana Teberosky. Esta teoria constituiu-se, sobretudo, valendo-se de bases conceituais da epistemologia genética de Jean Piaget, bem como da perspectiva da Psicolinguística, oriunda da teoria da gramática gerativa, elaborada por Noam Chomsky. Ainda, para a teoria da psicogênese da língua escrita, a criança é considerada um sujeito que aprende através de suas próprias ações sobre os objetos do mundo, e, por isso, constrói as categorias de seu conhecimento, elaborando, por si própria, hipóteses. Estas hipóteses seriam postuladas ao longo de níveis de desenvolvimento de representação da escrita e teriam lugar no período que antecede a aprendizagem formal do sistema de base alfabética, sendo reelaboradas em cada fase apresentada pelas crianças até que as mesmas adquirissem o conhecimento normativo deste sistema. Tendo em vista questionar a naturalização dos processos de aprendizagem da escrita, aplicaremos a terapia filosófica, inspirados pela segunda fase do pensamento de Wittgenstein, buscando analisar, criticamente, as implicações de concepção teórica empirista e, sobretudo, mentalista da aprendizagem, ainda dominantes e privilegiadas nos documentos de políticas educacionais voltados aos alfabetizadores. Nesse sentido, relativizaremos imagens dogmáticas, presentes no pensamento de muitos alfabetizadores, que naturalizam os processos de aprendizagem dos alunos ao se ancorarem na crença de que, mediante ao contato com os conhecimentos socialmente transmitidos, as crianças construiriam hipóteses, que pressupõem um suposto padrão evolutivo, desenvolvidas a partir da ação de conflitos cognitivos que reelaborariam as fases anteriores. Em contraposição a essa concepção psicogenética na alfabetização, argumentamos que a aprendizagem do sistema de escrita é uma atividade complexa, envolvendo tanto o domínio dos sistemas convencionais alfabético e ortográfico, como o uso efetivo da língua escrita em práticas sociais de letramento, em contextos diversificados, independentemente de eventuais processos psicológicos. Alfabetizar, com base nesses pressupostos, caracteriza-se por uma atividade de ensino que, envolvendo os diferentes jogos de linguagem para ensinar técnicas subjacentes às regras de uso do sistema da escrita, possibilita aos alunos identificar e reconhecer grafemas, fonemas, sílabas, palavras e, desse modo, a ler e a escrever. Com base nesta perspectiva, acreditamos que o processo de iniciação de uma criança na atividade da alfabetização é exatamente o que Wittgenstein entenderia por treinamento, ou seja, a ideia de inserir a criança, gradativamente, nas práticas de uso, da língua escrita, governadas pelo seguimento de regras convencionais. Assim, para participar com autonomia da multiplicidade de práticas sociais que envolvem a escrita e a leitura, é preciso a aprender, de modo explícito, a aplicar as regras de uso do sistema de escrita, compartilhadas dentro de uma forma de vida. |