As Ressonâncias do Cânone Literário na Tradução de Poesia: estudo comparativo das traduções em português e chinês das Bucólicas de Virgílio

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Liang, Yuxi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8160/tde-16102020-153029/
Resumo: O cânone literário é o catálogo de obras ou o grupo de poetas e escritores considerados como o padrão modelar (ou ars) a partir do qual se abre uma tradição literária em que escritores da posteridade, ao produzirem textos, apropriam-se daquele cânone por imitação e emulação. A concepção sobre o ato de traduzir no âmbito ocidental têm seguido uma tradição que se origina da Roma Antiga, em que as obras literárias costumavam ser produzidas por meio de emulação de ilustres escritores gregos para um público bilíngue. Tradução como apropriação do cânone literário estabeleceu uma linha de reflexões que chega até nós. Virgílio, com suas Bucólicas , Geórgicas e Eneida , emulando e, de certa forma, \"traduzindo\" os gregos, torna-se o poeta mais celebrado na poesia de língua latina, até \"proximamente atrás de Homero\", segundo Quintiliano ( Inst . X, 1, 85). A influência de Virgílio é de tal magnitude que o próprio latim foi elevado a uma posição sublime, e as obras virgilianas transformaram-se em matérias obrigatórias na educação de letras, sendo que seus versos foram amiúde citados, parafraseados e imitados pelos escritores medievais e renascentistas europeus no processo de criar literatura na sua própria língua vernácula e desenvolver seu cânone, como Dante no italiano e Camões no português. Neste sentido, Virgílio assumiu, segundo T.S. Eliot, a posição de \"clássico universal\" do cânone literário na tradição literária das línguas românicas, em que se encontra também o português. Tal papel faz com que o tradutor, ao empreender tradução de poesia, especialmente dos gêneros com vestígios de Virgílio, se recuse a abrir mão dos traços estilísticos de linguagem do poeta mantuano e termine latinizando seu próprio vernáculo. Mas tal procedimento não deve ser aplicado de forma universal, mas, sim, dentro do âmbito da tradição literária, especialmente quando o tradutor em questão não identifica Virgílio como o cânone na sua própria tradição literária. Este estudo procura identificar, nas Bucólicas de Virgílio, traduzidas em português, em verso, por um tradutor brasileiro, as decisões tomadas em que Virgílio, um poeta canônico, refletem, em comparação com a tradução das Bucólicas em chinês, uma língua em que Virgílio não faz parte nenhuma na sua história da literatura, e explicitar, também, as ressonâncias do cânone literário na sombra do qual o tradutor chinês vivia.