O estágio em ensino de ciências como possibilidade de envolvimento em comunidades de prática

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Valois, Raquel Sousa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-26102020-122149/
Resumo: Nesta pesquisa caracterizamos e analisamos o envolvimento de estudantes de um curso de Pedagogia em comunidades de prática ao planejar e realizar o estágio de ensino de ciências. Metodologicamente, o trabalho foi organizado em duas etapas. Na primeira, de cunho teórico, discutimos sobre a aprendizagem enquanto prática social, recorrendo aos conceitos de aprendizagem situada, participação periférica legítima e Teoria Social da Aprendizagem, que juntos fundamentaram a abordagem de comunidades de prática. A respeito dessa última, apresentamos suas características, dimensões (empreendimento conjunto, engajamento mútuo e repertório compartilhado) e implicações para o contexto educacional que, por sua vez, levou à ideia de comunidades de prática locais. No contexto do ensino de ciências, aproximamo-nos de autores que defendem a ciência como prática e propõem o ensino e a aprendizagem a partir do olhar sobre as dimensões conceitual, epistêmica, social e material, para possibilitar que as salas de aulas possam se constituir como comunidades de práticas científicas. A partir das relações teórico-metodológicas entre esses referenciais, construímos uma ferramenta constituída de quatro questões para a análise da constituição de \"comunidades de práticas locais do ensino de ciências (CoPLEC), que perpassaram os seguintes aspectos: a) finalidades das atividades de estágio; b) envolvimento coletivo, compartilhamento e legitimação de práticas e normas sociais; c) conhecimentos considerados, partilhados e legitimados, e d) recursos utilizados. A segunda etapa da pesquisa, de cunho empírico, foi compreendida pela análise qualitativa de dados obtidos junto a três estagiários de uma disciplina de Metodologia do Ensino de Ciências, em uma universidade pública da cidade de São Paulo. Dentre os resultados destacamos que, para os estagiários que participaram do projeto Clube, foi possível identificar evidências das dimensões de comunidades de prática e de comunidades de práticas científicas, pois estes tiveram oportunidades de negociação de ideias e recursos, que os levaram à criação de responsabilidade mútua. Ao trabalharem coletivamente, identificamos a relação mútua entre esses estagiários, apesar de tensões e conflitos que surgiram, e o reconhecimento público de algumas contribuições dadas por outros. Os recursos adotados foram constantemente revistos, de modo a favorecer a participação dos alunos, que tiveram seus interesses considerados pelos estagiários durante o planejamento e implementação das atividades. Já para a estagiária que implementou o estágio individualmente, embora estivesse também inserida em um grupo, não foi possível identificar o seu envolvimento com o estágio de modo a caracterizar se houve a constituição de uma comunidade de prática. Com base nos resultados teórico-empíricos, defendemos a tese de que as questões analíticas de CoPLEC podem ser relevantes para analisar comunidades de prática no âmbito do ensino de ciências. Além disso, argumentamos a favor de que a organização de aulas em cursos de formação de professores de ciências seja orientada por um problema que envolva os estagiários de modo a trabalharem coletivamente, possibilitando- os coletar e analisar dados, discutir e construir ideias, refletir sobre novos problemas e socializar resultados obtidos a partir das experiências vivenciadas. Os resultados desse estudo podem suscitar interessantes reflexões que levem a novas maneiras de compreender a formação inicial de professores de ciências na perspectiva da constituição de comunidades de prática que almejam alavancar o desenvolvimento profissional desses sujeitos e possibilitar novas compreensões sobre o ensino de ciências como prática.