Avaliação da condição de saúde bucal de pacientes internados nas unidades de terapia intensiva de um hospital universitário

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Mussolin, Mariama Gentil
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17154/tde-03012023-122349/
Resumo: Este foi um estudo de coorte longitudinal, prospectivo que incluiu pacientes adultos com até 48hs de internação nos centros de terapia intensiva de um hospital universitário e que teve por objetivo avaliar a correlação entre a condição de saúde bucal, na admissão dos CTIs, com as complicações bucais e sistêmicas durante a internação. As variáveis de exposição obtidas na admissão do CTI foram: sexo; idade; tempo de internação antes do cti; insuficiência respiratória; choque circulatório; redução do nível de consciência; pós-operatório imediato; risco do óbito; SAPS 3 (Simplified Acute Physiology Score 3); Sonda nasogástrica, orogástrica ou nasoenteral; Cirurgia torácica ou abdominal há menos de 2 semanas; uso de imunossupressor; uso de antibiótico sistêmico; uso de bloqueador de acidez gástrica; cateter venoso central; nutrição parenteral e manejo respiratório. As variáveis de exposição de saúde bucal foram as seguintes: patologias bucais na admissão do CTI; índice de dentes cariados, perdidos e obturados (CPOD); Índice de saúde periodontal (PSR). As variáveis desfechos para as quais as exposições foram testadas foram: pneumonia associada a ventilação mecânica; sepse durante a internação no CTI; tempo de ventilação mecânica no CTI; tempo total de uso de antimicrobianos; tempo livre de infecção respiratória; tempo de internação no CTI; condição de saída do CTI. As correlações entre as variáveis de exposição e desfechos foram testadas por regressão linear multivariada (desfechos numéricos) e regressão logística binária (desfechos categóricos). Foram incluídos nas avaliações 354 pacientes, destes 212 eram do sexo masculino, com idade média de 54 anos, 2 dias de internação antes do CTI, 73% dos casos apresentavam insuficiência respiratória na admissão e mais de 50% estavam em choque circulatório e redução de nível de consciência, 80% usavam cateter venoso central e 70% estavam em VMI. Quarenta por cento dos pacientes apresentavam patologia odontológica na admissão (25% gengivite; 17% raiz residual), o índice CPOD foi alto, 20 (1-28)e PSR global foi de 2 (0-4). A frequência de pneumonia e sepse foi de 4% e a taxa de óbito de 24%. Pacientes em VMI (odss:3,82, p:0,01) e com gengivite (odds:2,38, p:0,01) apresentaram maior risco para desenvolvimento de complicação bucal não infecciosa. Pacientes com gengivite+raiz residual apresentaram 5,17 (p:0,003) vezes mais chances de desenvolver complicação infecciosas em cavidade oral e apresentaramtendência para maior incidência de pneumonia associada a VMI (20% x 5,6%, p:0,04). Pacientes com maior índice de CPOD (desdentados totais) apresentaram menor tempo de uso de antimicrobiano (coeF: -0,09, p:0,01) e maior tempo livre de infecção respiratória (coef: 0,09, p:0,037). Nenhuma outra variável de saúde bucal apresentou correlação significativa com os desfechos sistêmicos. A ocorrência de óbito foi relacionada com a idade do paciente (odds:1,04; IC: 1,02-1,06); o índice SAPS (odds: 1,02, IC: 1,005-1,047) e o uso de imunossupressor (odds: 2,11: IC: 1,10-4,05). Podemos concluir que os pacientes com gengivite; gengivite+raiz residual e em VMI apresentaram maior chances de desenvolver complicações bucais. Apesar da necessidade de estudos com maior \"n\", houve uma tendencia de maior incidência de pneumonia nos pacientes que apresentavam gengivite +raiz residual. Os pacientes desdentados totais apresentaram menor tempo de uso de antimicrobiano e maior tempo livre de infecção respiratória.