As formas da mediação cultural: a mediação editorial em Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis

• Ano de defesa: 2021
• Autor(a) principal: Andretta, Pedro Ivo Silveira
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
• Palavras-chave em Português: Cultural Mediation; Editorial Mediation; Epitaph of a Small Winner; Mediação Cultural; Mediação Editorial; Mediatization; Memórias póstumas de Brás Cubas; Midiatização; Posthumous Memoirs of Brás Cubas; Remediação; Remediation
• Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27151/tde-29092023-102958/

O objetivo desta pesquisa é compreender as formas e o lugar da mediação cultural nas dinâmicas sociais de produção de sentidos da contemporaneidade. Em nosso percurso teórico abordamos temas relacionados às formas das mediações e conceitos como mediação, remediação e midiatização culturais; tratamos do livro enquanto dispositivo e sistema, seus espaço de mediação; da mediação editorial e da indústria do livro no Brasil; aspectos da biografia de Machado de Assis e das primeiras edições da obra Memórias póstumas de Brás Cubas. Como aporte metodológico, valemo-nos de uma pesquisa básica, do ponto de vista da sua natureza, qualitativa quanto à forma de abordagem do problema, exploratória quanto aos objetivos, e documental quanto aos procedimentos de pesquisa. A composição do corpus considerou 12 (doze) edições impressas e 3 (três) edições digitais brasileiras e recentes da obra Memórias póstumas de Brás Cubas. Para as análises recorremos, principalmente, a compreensões de modelos de publicação de Bhaskar (2013); às formas de remediação de Bolter e Grusin (1999), e de midiatização de Hjarvard (2014; 2017); de mediação de Six (1990), Volckrick (2009) e Guillaume-Hofnung (2012) e mediação cultural de Rasse (2000), Chaumier e Mairesse (2017) e Perrotti e Pieruccini, (2014). Utilizando categorias propostas pelos autores referidos, procedemos a análises das edições machadianas selecionadas, verificando: i. os tensionamentos de filtragem, enquadramento, amplificação e modelos de publicação em sua relação com contextos e uso social das edições; ii. das formas de remediação e midiatização e como elas impactam na mediação; iii. conjuntos de mediações editoriais, inscritos nos paratextos: capas, prefácios, posfácios, notas de rodapé, suplemento de questões e ilustrações, conforme suas estratégias e mobilizações textuais, e, portanto, simbólicas; iv. entendimentos de mediação cultural e como eles podem ser notados em diferentes modelos genéricos de edições contemporâneas, a saber: a) edições impressas voltadas ao uso escolar e vestibular; b) edições impressas voltadas ao público jovem; c) edições impressas voltadas ao público geral; d). edições digitais voltadas ao público geral. Nossas análises indicaram: que a mediação adere física e simbolicamente à obra, mobilizando as formas do livro, enquanto dispositivo, colocando em jogo também os fenômenos de remediação e midiatização; que as mediações assumem diferentes formas, construídas pela ação da midiatização, de públicos e contextos; que os dispositivos, em suas formas de remediação, carregam em sua materialidade as marcas dos contextos culturais, políticos, sociais, econômicos e tecnológicos, etc. que os possibilitaram; que as mediações agregam sentidos, cumprem funções específicas e alinham-se a interesses sociais, intencionalidades e paradigmas culturais; que os mediadores tanto qualificam as mediações quanto buscam assegurar prestígio para a produção junto ao público leitor. Por fim, ratificamos a hipótese segundo a qual a esfera da mediação ocupa posição de centralidade nas dinâmicas culturais contemporâneas e está em relação afirmativa e dinâmica com as de produção e de recepção cultural, influenciando-as e sendo por elas influenciada, num processo permanente e recíproco de retroalimentação e de produção de sentidos.