Percepção dos buiatras sobre o impacto do emprego de antibióticos em bovinos leiteiros no Estado de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Nobre, Deisiane Soares Murta
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10136/tde-09042020-090206/
Resumo: O uso de antibióticos (ATB) em produção animal é alvo de preocupação de órgãos internacionais de saúde pública, dado o potencial risco de resistência bacteriana em animais e seres humanos que venham a consumir os produtos de origem animal. A pecuária leiteira utiliza quantidade significativa desses fármacos principalmente devido à prevenção e controle de mastites. Entender as práticas na prescrição e percepção de risco quanto à resistência bacteriana pode oferecer pontos de intervenção para o uso prudente dos ATB por parte dos veterinários na produção leiteira. O objetivo desse estudo foi mensurar os posicionamentos e atitudes de risco dos médicos veterinários atuantes na bovinocultura leiteira paulista quanto ao uso de antibióticos, bem como a visão do veterinário de seu papel no combate à resistência bacteriana. Um questionário, com 30 perguntas, abordou os seguintes temas: perfil do buiatra; uso profilático de ATB; percepção quanto à restrição de venda; critérios para a escolha da antibioticoterapia; percepção de fatores de risco para o uso de ATB; ATB mais comuns na primeira escolha (ou: prescrição de antibióticos criticamente importantes para a saúde humana-ACI); percepção de custo benefício e eficácia; percepção de risco no uso de ATB; e visão sobre o produtor. Um link foi disponibilizado para acesso ao formulário on-line por instituições ligadas à classe veterinária, e enviados por e-mail para potenciais respondentes. Obteve-se 314 questionários válidos (p≤0,05). Quanto ao uso de ACI, as cefalosporinas de 3a e 4a geração são os ATB mais prescritos como primeira escolha no tratamento de mastites, e um 1/4 dos respondentes prescrevem quinolonas como primeira escolha no tratamento de pneumonias. Cerca de 74% dos veterinários entrevistados recomendam ATB para prevenção de mastites em vacas secas, dos quais 16% associam ATB sistêmico ao intramamário. A infusão intrauterina combinada com ATB sistêmico é o protocolo mais utilizado em doenças uterinas. Em doenças podais, predomina o uso de ATB locais. Cerca de 85% dos veterinários participantes é favorável à retenção mandatória de receituário para a venda desses fármacos. Dois terços percebem queda de eficácia desses medicamentos no dia-a-dia. Experiência pessoal e período de carência foram os critérios mais importantes na escolha de um ATB, e o tratamento da mastite depende principalmente da gravidade dos sintomas, fase da lactação e número de quartos afetados. Aproximadamente três quartos dos participantes acreditam que o risco de resistência para quem consome carne ou leite só existe se não for respeitado o período de carência. A percepção de risco de resíduos no ambiente se mostrou preditora da favorabilidade à retenção de receituário, e é predita pelo grau de atualização do buiatra. A idade é preditora negativa da percepção de risco de resistência no uso de ATB em doenças agudas. Pode-se observar, portanto, que algumas práticas dos buiatras paulistas podem representar pontos críticos no uso prudente de antibióticos, e que abordagens educativas precisam ser aprimoradas em tópicos específicos acerca do tema.