Canabidiol em modelo pré-clínico de dor neuropática: uma avaliação dos aspectos sensoriais, emocionais e inflamatórios relacionados com a modulação da sensibilidade dolorosa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Cardoso, Gleice Kelli Ribeiro da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59134/tde-01092022-134636/
Resumo: Na população geral a incidência de dor crônica é de 6% a 8%, e afeta a qualidade de vida do paciente. O canabidiol (CBD) é considerado uma estratégia promissora para o tratamento da dor neuropática. Nosso objetivo foi avaliar o tratamento sistêmico com CBD (3 dias) em ratos submetidos à constrição do nervo ciático (CCI), em testes nociceptivos - von Frey, acetona e placa quente - (TN), teste de campo aberto (TCA), teste de rotarod, e de preferência de lugar condicionada (CPP), e a possível modulação do efeito do CBD na expressão dos receptores CB1 e TRPV1, além da proteína FosB, NeuN, marcadores inflamatórios IBA-1 e GFAP e as interleucinas IL1&beta;, IL-6 e IL-10. Foram utilizados 140 ratos Wistar (220 g, CEUA-USP: 208.1.103.58.5) submetidos a dois diferentes protocolos. Protocolo I: foi realizado a linha de base dos TN seguido de procedimento cirúrgico (CCI ou SHAM) no dia zero, o desenvolvimento de neuropatia foi acompanhado por três semanas (i-von Frey, ii-placa quente e iii - acetona). O teste do TCA foI realizado no 23º dia e o teste final de TN no 24º dia com 1 h de tratamento, e em seguida foi realizado o procedimento de perfusão. Com material encefálico, foi realizado a imunofluorescência para receptores CB1 e TRPV1 nas regiões do córtex cingulado anterior (ACC), córtex insular (AIC), complexo basolateral da amígdala (BLA) e hipocampo dorsal (HD) e ventral (HV). Protocolo II: foi realizado a linha de base dos TN e o treinamento de rotarod, seguido do procedimento cirúrgico no dia zero, o desenvolvimento de neuropatia foi acompanhado por três semanas pelos TN (i-von Frey, ii-placa quente e iii-acetona). O teste do rotarod foi realizado no 18º dia após a lesão e em seguida foi realizado a linha de base do CPP. Lidocaína (i.m. pata lesionada) foi usada como controle positivo e pareado no contexto de maior permanência na linha de base e o CBD (i.p.) foi usado no contexto menos preferido pelo animal na linha de base. O teste de TCA foi realizado no 23º dia após 4 horas do tratamento. No 25º dia (24 horas após o último condicionamento), os ratos foram expostos ao teste CPP sem aplicação da droga para o teste. E foi realizado a imunofluorescência para NeuN, IBA-1 e GFAP nas regiões do ACC, BLA e HD. Além disso, a imuno-histoquímica foi realizada para marcar a expressão da proteína FosB, as regiões ACC, BLA e HD. Foi utilizado o teste ANOVA de dois fatores, seguido do teste de Tukey, P < 0,05. Nos resultados do Protocolo I: O tratamento com CBD por três dias em diferentes doses (0,3, 3, 10 e 30 mg/kg i.p.) mostrou efeito antialodínico em ratos CCI nos três testes de TN, bem como efeito ansiolítico no TCA. Ademais o CBD potencializou o aumento na expressão de receptores CB1 em regiões do circuito corticolímbico, e a cirurgia de CCI promoveu aumento de receptores TRPV1 nos animais e o tratamento com CBD potencializou este aumento de receptores. No protocolo II: os resultados demonstraram que o tratamento com CBD promoveu reversão do CCP nos animais CCI, além do efeito ansiolítico no TCA. Ademais houve aumento da expressão de IBA- 1, de GFAP e FosB+ nos animais CCI. Enquanto a expressão NeuN reduziu nestes animais. O tratamento com CBD 3 mg/kg foi capaz de normalizar estes resultados quando comparados aos animais controle. Podemos concluir, que o tratamento com CBD 3 mg/kg aumentou a expressão dos receptores CB1 e TRPV1 e aumentou a expressão IBA-1 e GFAP nas regiões estudadas demonstrando que os efeitos do CBD estão ligados a marcadores inflamatórios, e pela participação do TRPV1 na modulação dos efeitos do CBD na dor crônica. Além disso, o tratamento com CBD reverteu a marcação crônica da ativação neuronal e aumentou a expressão de NeuN nas regiões que a cirurgia de CCI promoveu redução da densidade neuronal. Por fim observamos que o CBD modula a aversão a dor e induz efeitos do tipo ansiolítico nos animais, resultados estes que são promissores, quando lembramos da relação entre dor crônica e comorbidades. Os resultados observados neste estudo podem explicar os efeitos da modulação do CBD nas áreas envolvidas de regulação emocional e na percepção da dor crônica.