Ser menino e \"bom aluno\": masculinidades e desempenho escolar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Toledo, Cinthia Torres
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-15022017-151223/
Resumo: Diversos indicadores educacionais demonstram que meninos tendem a estabelecer uma trajetória escolar mais conturbada e marcada por interrupções. A partir desses indicadores, pesquisas têm sido realizadas com o intuito de compreender a produção do fracasso escolar mais acentuado entre alunos do sexo masculino, por meio de uma discussão sobre gênero, masculinidades e desempenho escolar. Tomando essas diferenças de indicadores educacionais como ponto de partida, realizei uma pesquisa qualitativa sobre meninos avaliados como bons alunos por suas professoras, apostando numa inversão epistemológica - do fracasso ao sucesso escolar como um meio profícuo para pensar na multiplicidade de práticas de masculinidades entre os meninos e nuançar as discussões sobre a temática. Baseada nas elaborações teóricas sobre masculinidades da socióloga Raewyn Connell, pretendia analisar como estes meninos faziam para articular um bom desempenho escolar e as interações entre seus pares, considerando a agência das crianças como um dos aspectos do regime de gênero das escolas. A pesquisa empírica foi realizada em uma escola pública da cidade de São Paulo que atendia alunos e alunas das camadas trabalhadoras. Durante o segundo semestre de 2014 e o primeiro semestre de 2015 observei o cotidiano escolar de uma turma de 4º ano e de outra turma de 5º ano do Ensino Fundamental. Além da observação participante, realizei entrevistas semiestruturadas com as crianças, o professor e a professora dessas turmas. Questionários socioeconômicos também foram respondidos pelos familiares. Diferentemente do que eu imaginava a partir da literatura sobre a temática, identifiquei que ser bom aluno não parecia contraditório ou difícil para a afirmação da masculinidade dos meninos, ao contrário, o engajamento e o bom desempenho escolar era valorizado e reconhecido como um aspecto positivo entre os alunos. Apesar disso, nem todos os meninos eram bons alunos e aqueles avaliados positivamente pela professora ou pelo professor tendiam a se distanciar dos maus alunos, indicando uma dimensão relacional na constituição e percepção de si como um bom aluno. Envolvidos em práticas de hierarquização, para ser um bom aluno os meninos precisavam conseguir jogar nas relações de poder entre pares, valendo-se de práticas de masculinidades valorizadas, assim como construindo e reconstruindo hierarquias escolares, socioeconômicas e raciais em suas interações.