Criança vítima de pedofilia: fatores de risco e danos sofridos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Machado, Talita Ferreira Alves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2136/tde-13022014-111701/
Resumo: A temática da pedofilia é complexa, polêmica e emergente. A pedofilia, no entanto, não implica necessariamente no cometimento de atos abusivos contra as crianças, sendo possível que as fantasias sexuais do pedófilo jamais saiam de sua mente. Por outro lado, caso referido distúrbio sexual ultrapasse os limites do imaginário do indivíduo que dele é portador, estará configurado o abuso sexual infantil. Relevante observar que não apenas o indivíduo portador de pedofilia pratica atos que caracterizam abuso sexual infantil, mas também os denominados abusadores oportunistas ou ocasionais. Na relação pedófilo-criança, a opção pelo estudo da criança neste trabalho justifica-se, sobretudo, porque é ela quem ocupa a posição de vítima e, como tal, não se duvida que seus prejuízos sejam maiores em decorrência dos atos abusivos praticados. De fato, relevante assumir um olhar benevolente para aquela que, subjugada pelo abuso, necessita, de alguma forma, encontrar amparo que a possa resgatar dessa situação. Menciona-se, nesta dissertação, que historicamente as crianças sempre foram vítimas de atos de violência e que a temática do abuso sexual infantil compreende outras noções igualmente polêmicas, dentre as quais se podem destacar a sexualidade infantil e o incesto. Nesse passo, é dito que a existência de uma sexualidade infantil saudável constitui aspecto relevante para o pleno desenvolvimento da criança. Demonstra-se que o abuso sexual infantil tem a peculiaridade de se revestir da característica do segredo, ou seja, de um silêncio que encobre as práticas abusivas perpetradas contra a criança, de forma que fica garantida a perpetuação do abuso ao longo do tempo, sendo notável a cifra negra relativamente a essas práticas. Com relação ao estudo do abuso sexual infantil praticado por portadores de pedofilia, justifica-se o enfoque em virtude das circunstâncias de sedução e engodo que envolvem a atuação pedofílica e que potencializam o trauma vivenciado pela vítima. Nesse contexto, retrospectivamente ao abuso, verifica-se a existência de fatores de risco para sua ocorrência, bem como se mencionam teorias sobre a vítima. Ressalta-se que a criança e o abusador ocupam posições nitidamente distintas na relação de poder que se estabelece entre eles e se enfatiza a necessidade de investigar quais dessas crianças, que já são vulneráveis por si só, apresentam-se no grupo de risco para a vitimização. São apontados fatores de risco para a vitimização, dentre os quais, sexo, idade, isolamento social e relações conflituosas com os pais ou entre eles. Descreve-se o processo de aproximação entre o pedófilo e a vítima, bem como se analisam os danos sofridos pela criança vitimada. São fornecidos critérios para o diagnóstico do abuso sexual infantil e elencados fatores capazes de potencializar o trauma da vitimização. Descrevem-se os efeitos iniciais e a longo prazo do abuso e, por fim, refletindo-se sobre os fatores de risco, anteriores ao abuso e, sobre os danos, a ele posteriores, salienta-se a importância da tomada de atitudes preventivas e reparatórias do abuso sexual infantil, todas pautadas em ações multissetoriais e interdisciplinares.