Festa da Boa Morte e Glória: ritual, música e performance

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Marques, Francisca Helena
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-19022010-174044/
Resumo: Esse trabalho discute a performance ritual e musical durante a Festa da Boa Morte e Glória realizada anualmente na segunda quinzena de agosto na cidade de Cachoeira, Recôncavo da Bahia. Elaborada através de elementos simbólicos, culturais, religiosos e de resistência política e social, a Festa da Boa Morte compreende performances musicais dentro de uma complexa performance ritual que é ao mesmo tempo coletiva e absolutamente restritiva. A Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte é um coletivo de mulheres idosas, todas religiosas enquanto praticantes do candomblé e do catolicismo popular. Como grupo a Irmandade é considerada elite na luta e resistência do negro contra o sofrimento e a escravidão no Brasil. As irmãs foram e são mulheres diferenciadas em vários sentidos: aos olhos da sociedade colonial eram chamadas de negras do partido alto; miticamente transgressoras da ordem masculina são consideradas iamis e organizadas em sacerdócio religioso unindo diferentes nações são donas do axé ou eleyes. As irmãs antigas compraram as alforrias de outros sacerdotes e sacerdotisas africanos, se comprometeram em garantir funerais dignos a si mesmas e aos seus, e mantém uma festa associada aos seus antepassados femininos (eguns) e aos seus orixás durante rituais católicos públicos e do candomblé (secretos). Segundo as irmãs, elas cumprem uma promessa feita pelas mais antigas: se todos os escravos fossem libertos elas cultuariam Maria na vida e na morte. Personagens narrando e encenando repetidamente performances, as irmãs desenvolvem seqüências rituais e musicais que vão da anunciação da morte ao velório de Nossa Senhora no primeiro dia da Festa. No segundo dia é realizado o enterro, e, no terceiro, demonstram sua crença na vida após a morte através da glorificação e assunção de Maria aos céus. Esses são os três principais momentos do ritual público, aos quais se seguem outros três dias de samba de roda que se fundem aos rituais secretos, já em desenvolvimento antes da Festa. O encerramento é marcado pela entrega de um presente às águas, para os orixás femininos Nanã, Iemanjá e Oxum.