Aves das montanhas do Brasil: histórico geral e padrões altitudinais de riqueza, composição e deslocamentos sazonais em uma região da Serra do Mar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Schunck , Fabio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41133/tde-02082019-123904/
Resumo: O conhecimento científico produzido sobre padrões altitudinais de riqueza, composição e deslocamentos sazonais das aves das montanhas do Brasil encontra-se desorganizado, sendo ignorado ou subestimado pelas compilações globais. Isso faz com que informações produzidas por estudos antigos e com pouca preocupação metodológica sejam esquecidas ou consideradas como as referências únicas válidas, impedindo o avanço do conhecimento e prejudicando ações efetivas de conservação. Os principais exemplos de interpretações enviesadas são regiões montanhosas tidas como carentes de dados ornitológicos básicos; a ampla divulgação do padrão de riqueza altitudinal \"Declínio monotônico\" como o único existente, e a presença de migrantes altitudinais. Com base neste contexto, realizamos uma ampla revisão sobre os estudos ornitológicos produzidos em regiões montanhosas do Brasil, incluindo abordagens altitudinais sobre riqueza, composição e deslocamentos sazonais, juntamente com um estudo de campo de longo prazo (16 anos) em uma região da Serra do Mar do sudeste do Brasil, com o propósito de testar parte das hipóteses disponíveis na literatura. Os resultados obtidos mostram que a região estudada (Curucutu) foi subestimada quanto ao seu conhecimento ornitológico básico em decorrência da falta de divulgação apropriada dos dados históricos existentes, que quando somados aos dados atuais de campo, mostram que essa região é uma das mais ricas em espécies de aves da Serra do Mar. O resgate histórico-científico da literatura, mostrou a existência de número significativo de estudos ornitológicos realizados nas regiões montanhosas do Brasil e que mencionam indícios de possíveis deslocamentos altitudinais sazonais das aves no país, demonstrando que as compilações globais não consideraram este conhecimento. No entanto, as revisões deixam claro que a maior parte do conhecimento existente sobre estas áreas é baseada em estudos com desenhos amostrais inadequados, gerando informações pouco confiáveis, como a ocorrência de migrações altitudinais no país. Um dos resultados mais surpreendentes revelou que a Serra do Mar não apresenta exclusivamente o padrão \"Declínio monotônico\" para riqueza altitudinal total de espécies, mas padrões variados como \"Uniforme\" e \"Aumento monotônico\", contrariando toda a literatura existente. Isso é possível pelo fato da Serra do Mar ser uma encosta e não apresentar redução de área com a altitude (tal como acontece com montanhas típicas), proporcionando a presença de diferentes perfis altitudinais e ambientes variados, que vão influenciar principalmente os padrões altitudinais de riqueza das espécies endêmicas e ameaçadas de extinção. Outro resultado importante obtido em campo foi a ausência de deslocamentos altitudinais sazonais realizados por parte da comunidade de aves da região do Curucutu, questão investigada através de recapturas altitudinais de aves marcadas, mostrando que a ocorrência deste fenômeno biológico não parece ser tão comum como relatada historicamente, sendo necessário novas abordagens baseadas no uso de métodos tecnológicos de rastreamento das aves, gerando dados mais confiáveis. Estes resultados mostram a importância das revisões temáticas e dos estudos de campo de longo prazo no avanço de diferentes áreas do conhecimento ornitológico, sendo ações que devem ser constantemente incentivadas, ainda mais em tempos de mudanças climáticas. O estudo de longo prazo realizado na região do Curucutu é um dos poucos deste tipo existentes na Serra do Mar, contribuindo com a produção de dados básicos sobre as aves da Mata Atlântica, ações efetivas de conservação e a capacitação de pesquisadores com anilhamento de aves silvestres