Argumentação em sala de aula e sua relação com os domínios do conhecimento científico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Lino, Natan Trovó
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/81/81131/tde-19022024-174310/
Resumo: O Ensino de Ciências vem sofrendo mudanças ao longo dos anos, partindo de uma perspectiva de abordagem apenas de conceitos, para, nos momentos mais atuais, estabelecer a abordagem das ciências como prática, com conceitos, processos e procedimentos sendo indissociáveis. Tais mudanças são importantes para que os estudantes entendam como a ciência se desenvolve. Aprender ciências supõe, entre outras coisas, aprender a construir e a avaliar explicações com base em evidências, ou seja, envolver-se em argumentação, uma vez que a avaliação do conhecimento a partir de evidências faz parte do trabalho científico. A incorporação e avaliação da aprendizagem de ciências em contextos educacionais devem, ainda, se concentrar de forma integrada nos domínios do conhecimento científico: domínios conceitual, epistêmico, social e material. Partindo dessas ideias, buscamos responder às seguintes perguntas de pesquisa: Como ocorre a argumentação entre estudantes universitários durante a resolução de problemas de laboratório em aula de Física? Há relação entre a qualidade da argumentação dos estudantes e os domínios do conhecimento científico por eles mobilizados? A coleta dos dados que subsidiam nossa pesquisa ocorreu em aulas práticas de laboratório sobre tópicos de eletricidade, sob uma abordagem investigativa, desenvolvidas com alunos do 3º ano do curso de Engenharia de Materiais de uma universidade pública estadual. Ao longo do semestre letivo ocorreram seis aulas de laboratório, em que os estudantes eram apresentados, por meio de um livro de práticas, a problemas que precisavam ser resolvidos por eles, em trios. Houve adaptação do material para que as perguntas pudessem ser ainda mais abertas, no intuito de aumentar o grau de investigação da proposta. Para o desenvolvimento deste trabalho, transcrevemos e investigamos as discussões ocorridas em dois trios de estudantes durante a realização da primeira aula de laboratório. A partir da transcrição dos dados, analisamos se argumentos foram construídos pelos estudantes, utilizando uma rubrica qualitativa para o padrão CER de um argumento (do inglês Claim, Evidence e Reasoning), e como os domínios do conhecimento científico são mobilizados por eles durante a resolução dos problemas de laboratório. Com esses resultados, investigamos se há relações entre a qualidade da argumentação dos estudantes e seu envolvimento com os domínios do conhecimento científico na sala de aula analisada. A análise dos dados evidenciou a importância da negociação de significados para que os alunos, ao se engajarem no Domínio Social por meio da prática argumentativa, cheguem às definições almejadas. Observamos que os estudantes percorreram diferentes caminhos ao longo das atividades, mostrando não haver um caminho único para a articulação dos domínios do conhecimento. O caráter investigativo da atividade permitiu uma interação discursiva constante entre os alunos. Em atividades de ensino por investigação, o diálogo e a argumentação entre os estudantes não somente são permitidos como também são necessários. Trabalhar a argumentação com estes domínios significa desenvolver práticas importantes para a construção do conhecimento. Os indivíduos, ao se engajarem com a argumentação e práticas relacionadas aos domínios do conhecimento científico, poderão estar mais familiarizados com o fazer científico, mais críticos e mais reflexivos.