O uso da água e a interdependência das economias regionais: o caso das bacias hidrográficas brasileiras

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Visentin, Jaqueline Coelho
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12140/tde-07082017-104817/
Resumo: O Brasil é conhecido por sua disponibilidade hídrica satisfatória. Entretanto, existe uma distribuição espacial desigual desse recurso no país. Tais características, associadas à forte concentração econômica, têm feito com que algumas regiões enfrentem restrições na disponibilidade de água doce. Neste trabalho, a fim de identificar os principais responsáveis pela utilização da água no Brasil, calcularam-se os coeficientes técnicos diretos de captação, consumo e retorno de água, as vazões e os volumes de uso desse recurso, os fluxos inter-regionais de Água Virtual e as Pegadas Hídricas das atividades econômicas de cada uma das Bacias Hidrográficas do Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH). Com base nessas informações, verificaram-se os impactos do atual padrão de uso da água sobre os Balanços Hídricos locais e, em seguida, sugeriram-se algumas aplicações dos resultados encontrados. A fim de atender os objetivos propostos, estimou-se um sistema inter-regional de insumo-produto com 50 setores e 56 regiões para o ano de 2009. Entre os principais resultados, destaca-se que a Bacia Hidrográfica Litoral AL PE PB foi a principal responsável pela captação de água no país, ao mesmo tempo em que apresentou o pior Balanço Hídrico no período. Além disso, verificou-se que a Bacia Tietê foi a principal região do ponto de vista da demanda de água. No que refere aos fluxos inter-regionais entre as Bacias, constataram-se que a interdependência hídrica foi maior que a interdependência econômica e que 66% do volume de Água Virtual exportado entre as regiões foram provenientes de Bacias onde o Balanço Hídrico era no mínimo preocupante. A partir dessas informações, verificaram-se que as referidas exportações ameaçaram a disponibilidade hídrica da maioria das Bacias com Balanços Hídricos acima do nível sustentável. Com relação às aplicações sugeridas, constataram-se que as mudanças climáticas podem fazer com que Bacias adicionais passem a apresentar um Índice de Exploração da Água maior que o nível sustentável e podem piorar o Balanço Hídrico de algumas Bacias localizadas no Nordeste. Diante disso, o emprego de tecnologias de produção mais eficientes no uso dos recursos hídricos, em relação àquelas verificadas pela presente pesquisa, pode se configurar em uma importante medida de mitigação, pois tem o potencial de melhorar significativamente os Balanços Hídricos das Bacias brasileiras. Nesse sentido, destacam-se como demais alternativas: (i) a mudança na composição de algumas economias locais em direção às atividades menos intensivas em água; (ii) importação de bens e serviços intensivos em recursos hídricos, os quais devem ser provenientes de regiões abundantes em água; (iii) políticas regulatórias que impeçam a extração desse recurso acima do limite sustentável; e (iv) o reúso e a transposição de água. Assim, concluem-se que em algumas Bacias Hidrográficas as exportações de Água Virtual contrapõem-se ao esperado do ponto de vista da segurança hídrica. Desse modo, demandam-se políticas públicas que promovam a utilização dos recursos hídricos escassos de maneira menos intensiva nessas regiões.