No limiar da visão: a poética do sublime em Edmund Burke

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Monteiro, Daniel Lago
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-24032010-134406/
Resumo: Esta dissertação procura discutir como a obra de Edmund Burke, Uma Investigação Filosófica sobre a Origem de nossas Idéias do Sublime e do Belo, introduz um sentido novo de sublime, distinto daquele presente nas poéticas e retóricas clássicas, a partir do rompimento dos paradigmas da clareza e do prazer. Ao caracterizar a experiência do sublime como marcada por incertezas, ambigüidades e contradições, em que os objetos da contemplação são vistos apenas de maneira parcial e obscura, Burke descreve uma experiência que não depende do primado da visão e que, portanto, abrange os demais órgãos do sentido e seus vocábulos. Essas questões são pensadas a partir do modo como o autor reorganiza três antigas dicotomias do pensamento clássico: dor e prazer, corpo e mente, palavra e coisa. No capítulo primeiro, acerca dos pressupostos da experiência do sublime em Burke, (as paixões violentas e mistas e o sentimento de autopreservação), discutimos como prazer e dor não se articulam no autor como ganho e perda, mas enquanto relações efetivas de oposição, e como isso se mostra na fruição do espectador, sobretudo em relação aos espetáculos trágicos, sejam eles fictícios ou reais. No capítulo segundo, a descrição das paisagens vastas e ilimitadas servem de argumento para a restrição de Burke à atuação da visão na experiência do sublime. Ao ser incapaz de estabelecer os contornos do objeto que contempla o espectador se vê diante de um jogo de expectativa e surpresa (tensão e relaxamento) que mais se assemelha às ascensões e quedas de uma peça musical, ou aos movimentos respiratórios do corpo, criada por edifícios arquitetônicos e jardinspaisagens. No capítulo terceiro, discutimos a defesa de Burke de uma linguagem não imagética, que não comunica ou afeta por idéias sensíveis. Não mais vista como imagem, ou representação, a palavra ganha um estatuto de coisa em sua dimensão concreta, áspera e irregular. A poesia e a retórica também estão entre os temas debatidos, sobretudo a partir de seu contraste com a pintura e em oposição ao princípio humanista do Paragone, ou a comparação entre as artes.