Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Anderson, Daniela |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17144/tde-11022020-131955/
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Resumo: |
A cardiopatia congênita é importante causa de mortalidade infantil que não vem se alterando significativamente ao longo dos anos. Em recém-nascidos (RN) pré-termo de muito baixo peso ao nascer (PTMBP), não há estatísticas nacionais sobre esta doença, nem se conhecem detalhes sobre as unidades que recebem e tratam estes pacientes. Assim, objetivouse avaliar, em uma coorte brasileira de RNPTMBP, a frequência de cardiopatias congênitas, seus principais tipos, e sua contribuição relativa para desfechos desfavoráveis. Trata-se de um estudo retrospectivo de dados coletados prospectivamente, cadastrados na Rede Brasileira de Pesquisas Neonatais (RBPN), realizado em RNPTMBP, para determinar a frequência e a mortalidade atribuível a cardiopatias congênitas nesta população. Inclui-se também uma etapa transversal através da análise de dados obtidos a partir de questionários enviados para os responsáveis pelas unidades para a caracterização dos serviços no que se refere ao suporte para atendimento do RN com cardiopatia congênita. Foram elegíveis para o estudo todos os RN com peso ao nascer menor que 1500 g com idade gestacional de 22 semanas a 36 semanas e 6 dias internados nos centros participantes da RBPN. Os pacientes operados foram categorizados de acordo com o Risk Adjustment for Congenital Heart Surgery (RACHS-1) e pelo escore de gravidade adotado pela STS-EACTS, o STS-EACTS Congenital Heart Surgery Score. Para a fase transversal, foi enviado um questionário via plataforma REDCap. Foi feita análise descritiva de todas variáveis, assim como aplicação de modelos de regressão logística uni e multivariada, ajustados com descrição de odds-ratios (OR) e respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%). Ao todo, 14.604 pacientes eram elegíveis após análise do banco de 2010-2017, porém somente 14.525 crianças foram incluídas na análise. Houve um discreto aumento do número de internações de 2010 (n=1612) até 2017 (n=1808). A prevalência de cardiopatias congênitas foi de 2,52% (358/14.225 informados para esta variável), com 62,8% (225) desses pacientes apresentando outras malformações ou síndromes genéticas associadas. A análise univariada evidenciou que os seguintes dados maternos estiveram associados compresença cardiopatia: idade materna > 35 anos (OR=3,32 [intervalo de confiança (IC) 95%=2,42-4,56]; p<0,001) hipertensão arterial (OR=0,68 [IC95%=0,54-0,86]; p=0,001), diabetes materna (OR=1,84 [IC95%=1,31-2,59]; p<0,001) e infecção congênita (OR=0,48 [IC95%=0,24-0,98]; p=0,044). Permaneceram associadas a cardiopatias na análise multivariada a idade materna > 35 anos (OR=3,57 [IC95%=2,51-5,08]; p<0,001) e a hipertensão arterial (OR=0,55 [IC95%=0,33-0,94]; p=0,029). Com relação aos dados neonatais, todas as variáveis selecionadas, exceto sexo, estiveram estatisticamente associadas ao grupo de cardiopatas: menor peso, comprimento e perímetro craniano ao nascer, maior idade gestacional, menor Apgar, e maior escore SNAPPE II. Os RNPTMBP com malformação cardíaca utilizaram mais ventilação mecânica invasiva (p<0,001) e menos surfactante (p<0,001), apresentaram mais episódios de convulsão (p<0,001), maior uso de drogas vasoativas nas primeiras 72 horas (p<0,001), e de oxigênio na saída (31,9% vs. 10,5%; p<0,001). A mortalidade entre RNPTMPB cardiopatas foi maior do que a do grupo sem cardiopatia (59,8% vs. 30,3%; p<0,001), assim como a mortalidade em sala de parto (14% vs. 6,7%; p<0,001). A razão de mortalidade padronizada no grupo com cardiopatia foi cerca de duas vezes maior (10,72 [IC95% 7,36- 14,08]) que no outro grupo (4,80 [IC95% 4,43-5,17]. Quanto a análise de dados sobre os centros cadastrados e sua associação com a presença de óbito entre os RN cardiopatas, foi verificado, após análise multivariada, que, nascer em um centro credenciado reduzia em até 79% o risco de óbito, assim como a presença de cateterismo cardíaco neste centro reduzia em até 91% este mesmo risco. Concluímos que a prevalência de cardiopatias congênitas em RNPTMPB foi de 2,52%, e que os desfechos neste grupo foram significativamente piores que no grupo sem cardiopatia. Os dois fatores redutores da mortalidade de cardiopatas nesta coorte foram ter nascido em um centro credenciado e ter presença de cateterismo cardíaco neste centro para o tratamento de cardiopatias congênitas. |