Escrita, autoria e ensino: um diálogo necessário para pensar a constituição do sujeito-autor no contexto escolar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Aguiar, Eliane Aparecida de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-20042010-160955/
Resumo: Esta tese, inserida nos campos da Linguagem e da Educação, tem como objetivo principal promover uma discussão de caráter teórico-reflexiva sobre as noções de escrita, autor e autoria a fim de pensar sobre as possibilidades de trabalho com a escrita de autoria e a constituição do sujeito-autor no contexto escolar. Para tanto, são propostos dois encaminhamentos. Inicialmente, conceitua-se a escrita autoral como sendo resultado de uma experiência que permite a passagem do eu ao lugar de sujeito; ou seja, como a materialização de um processo, atravessado pela subjetividade, que permite ao sujeito sustentar seu desejo pela escrita, imprimindo nela trabalho e responsabilidade. Ainda nessa parte, considerando as configurações de autor e autoria propostas por Michel Foucault, Mikhail Bakhtin e Roland Barthes, e da noção de sujeito encontrada na psicanálise de Sigmund Freud e Jacques Lacan, elabora-se uma noção de sujeito-autor e autoria que permite promover um diálogo com a experiência de escrita defendida nesta pesquisa. No primeiro caso, considera-se que o sujeito-autor seja o elemento que articula as significações que dão forma àquilo que o escritor real busca esculpir. Nesse sentido, o sujeito-autor não é apenas uma função exercida pelo indivíduo que escreve, mas é também aquele que, sem nada saber sobre o próprio processo de escrita, ao ser atravessado pela linguagem, gera nela efeitos de sentido que não podem ser determinados de antemão pela função do autor, pois só passa a existir no momento em que escrita acontece. No segundo, entende-se a autoria como sendo um fenômeno que acontece fora da linguagem por se tratar da própria experiência subjetiva e inconsciente do escrever. Ela é um pressuposto da ação daquele que escreve e daquele que lê o discurso escrito, promovendo-o ao status de obra de determinado autor. Configurando-se como estudo de casos, na segunda parte do trabalho, são apresentados os encaminhamentos da pesquisa de campo, realizada em uma escola particular, a fim de analisar as possibilidades da escrita autoral e da constituição do sujeito-autor no contexto escolar. Para tanto, examinase o processo de escrita de quatro estudantes, observando que a escrita, na escola, é valorizada por sua função instrumental: é quase sempre um pretexto para que o estudante possa aprender outros conteúdos; ou é apresentada a partir de modelos que devem ser seguidos a fim de responderem às demandas escolares. Dessa forma, a escrita é promovida como uma ação desconectada da experiência subjetiva e singular do escrever, impedindo a autoria e a constituição do sujeitoautor. A escrita autoral, nesse contexto, tratada pelo lado de fora da experiência, perde-se, porque é justamente nessa experiência que ela tem a possibilidade de existir.