Nos trilhos da incerteza: a Rede Sul Mineira no contexto ferroviário brasileiro (1910 - 1934)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Silva, Marcel Pereira da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8137/tde-19092018-144601/
Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar a trajetória de uma empresa de transporte ferroviário, localizada basicamente no Sul de Minas Gerais, e formada em 1910. Neste mesmo ano, foi realizado um contrato de arrendamento entre o governo federal e a Companhia Viação Férrea Sapucaí. Esta empresa alterou seu nome para Companhia de Estradas de Ferro Federais, CEFFB Rede Sul Mineira, e administrou suas linhas juntamente com as linhas das outras duas companhias arrendadas, a Companhia Estrada de Ferro Muzambinho e Estrada de Ferro Minas e Rio. Com muita expectativa e poucas ações, o desempenho financeiro da Rede Sul Mineira se mostrou ruim, principalmente com o aumento dos custos operacionais, instabilidade no transporte de café, concorrência com outras ferrovias (sobretudo com a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, que também construiu ramais na região) e a eclosão da Primeira Guerra Mundial, realidade que também abarcou outras ferrovias brasileiras. O resultado foi a deterioração das condições do tráfego e a realização de empréstimos franceses, que oneraram ainda mais o frágil quadro financeiro da empresa. Paralelamente, como condição específica da Sul Mineira, percebemos que a relação entre homens de governo, o capital estrangeiro e os negócios da empresa tomou uma dimensão intensa e conturbada, não sendo uma exclusividade dos dias atuais. Tendo o Sul de Minas Gerais se tornado um viveiro de políticos que comandaram o governo estadual e ocuparam até mesmo a Presidência da República, a atuação de políticos profissionais em sua administração foi constante, e reproduziu os embates registrados em tempos de eleições. Entre 1920 e 1921, o governo federal rescindiu o contrato e encampou a companhia. Entre 1921 e 1922, a União entrou em acordo com o estado de Minas Gerais para arrendar a rede ferroviária sul-mineira, em um momento em que o Estado ampliou consideravelmente sua participação na administração de estradas de ferro. Assim, entre 1922 e começo de 1931, a empresa teve o nome alterado para Rede de Viação Sul Mineira. Apesar da piora do desempenho financeiro, estes anos foram marcados por uma tentativa de melhora dos serviços e regularidade do tráfego. Em 1931, um novo contrato de arrendamento foi feito entre a União e Minas Gerais, quando foi criada a Rede Mineira de Viação (RMV). Além da Rede de Viação Sul Mineira, que passou a se chamar Estrada de Ferro Sul de Minas, a RMV também foi composta Estrada de Ferro Oeste de Minas (EFOM, até então administrada pelo governo federal) e Estrada de Ferro Paracatu, que foi incorporada à EFOM e já era administrada pelo governo de Minas. Ao que indicam as fontes, as estradas que formavam a Rede Mineira de Viação sobreviveram com relativa autonomia até 1934, ano limite desta pesquisa. Ainda neste mesmo ano, foi publicado o primeiro Plano Nacional Geral da Viação, que de alguma maneira representou uma mudança na forma como a União tentou lidar com a questão dos transportes no país.