Caracterização e análise dos fatores de risco da transmissão da malária na Amazônia Legal, 2010 - 2015: uma contribuição à saúde global

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Canelas, Tiago
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6140/tde-11062018-102152/
Resumo: A malária continua sendo um problema em saúde global. Nas Américas, em 2017, o Brasil e Venezuela foram os países que mais contribuíram no número de casos. No Brasil, 99% dos casos ocorreram na Amazônia Legal. Apesar dos grandes progressos do Brasil desde 2005, nos últimos anos tem se encontrado um aumento dos casos e a persistência de áreas de alta transmissão. São poucos os estudos epidemiológicos recentes que abordam este problema para a Amazônia Legal. Existem associações entre a transmissão da malária e fatores de risco ambientais e socioeconômicos, mas, existe uma falta de consenso nestes fatores, influenciados pela escala de análise. Objetivo: Caracterizar e analisar os fatores de risco da transmissão da malária nos municípios da Amazônia Legal entre 2010 e 2015. Métodos: Foram utilizados os dados de malária autóctone por município entre 2010 e 2015 da base de dados SIVEP-malária da Secretaria de Vigilância em Saúde. Os fatores de risco analisados foram: índice Gini, taxa de analfabetismo, presença de minas, área de reservas indígenas no município, taxa de floresta no município e duração da estação seca. Para a seleção dos fatores de risco ambientais foi realizada uma revisão sistematizada e os fatores socioeconômicos foram embasados na literatura. A unidade espacial foram os 310 municípios dos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia e Roraima. Os casos de malária foram analisados mediante o Índice Parasitário Anual (IPA) e a incidência mensal através da estratificação local dos dados. Para os fatores de risco uma regressão logística foi executada para um modelo ambiental, socioeconômico e completo, sendo o IPA a variável dependente e estratificando o risco de transmissão em baixo, médio e alto. Resultados: No período 2010 - 2015 houve redução de 61% no IPA, cumprindo a meta proposta pelo Plano Nacional de Controle e Prevenção da Malária no Brasil. No entanto, essa redução não aconteceu de igual forma em todos os municípios, e um conjunto de 13 municípios apresentam um mínimo de 40% dos casos ao longo dos 5 anos. É relevante destacar que tem estados que reduziram o efeito da sazonalidade enquanto outros não. A revisão sistematizada deixou claro que existem divergências na seleção dos fatores de risco ambientais e da influência na transmissão dependendo do espaço tempo e da escala. A análise dos fatores de risco apresentou que os modelos que incluíam fatores ambientais e socioeconômicos tinham um melhor desempenho ao longo dos anos e nos estratos de transmissão. Positivamente o índice Gini e negativamente a duração da estação seca foram os fatores de risco mais importantes para a transmissão. Conclusão: A malária é multifatorial e deve ser abordada tendo em conta o espaço tempo e a escala de atuação, para implementar intervenções eficientemente. As inequidades na população se apresentam como o grande empecilho para obter melhores resultados no seu controle e eliminação, e embora o Brasil tinha feito progressos muito meritórios, não conseguirá acabar com o problema da malária enquanto não aborda-lo como um problema à saúde global que vai além de programas específicos contra a doença.