Estudo dos eventos virológicos e imunológicos em humanos após a imunização com a vacina da febre amarela YF-17DD: análise da capacidade de proteção cruzada envolvendo infecções heterólogas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Ribeiro, Beatriz dos Santos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-09042021-101257/
Resumo: A infecção pelo vírus zika (ZIKV) e suas enfermidades relacionadas tomou proporções devastadoras, principalmente devido a sua capacidade de causar anormalidades fetais, como a microcefalia e complicações neurológicas como a Síndrome de Guillian-Barré. A única forma de prevenção é o controle do vetor, uma vez que ainda não existe uma vacina aprovada. Uma outra arbovirose que permanece sendo um sério problema em áreas endêmicas da África tropical e subtropical e também na América do Sul, incluindo o Brasil, é a febre amarela. O último surto da doença no Brasil iniciou-se no ano de 2017 na região sudeste e, apesar da diminuição, ainda há relatos de casos, inclusive no ano de 2020. No entanto, uma vacina segura e efetiva, contra o vírus da febre amarela (YFV), desenvolvida por Max Theiler e colaboradores encontra-se disponível há mais de 65 anos e vem garantindo uma proteção acima de 98% a seus receptores. A vacinação com a cepa YF-17DD leva à produção de anticorpos neutralizantes que conferem alta proteção contra infecções pelo YFV. Por serem geneticamente mais próximos, os flavivírus podem conferir proteção imunológica cruzada para outros membros virais da família Flaviviridae após infecções heterólogas. Portanto, o presente estudo teve como objetivo avaliar o potencial de neutralização cruzada do ZIKV, em indivíduos imunizados com a vacina da febre amarela 17DD. Coletas do sangue de 12 indivíduos foram realizadas nos pontos 30, 60, 90 e 180 dias após a imunização com a vacina e a presença de anticorpos neutralizantes contra YFV e a neutralização cruzada do ZIKV foram avaliadas por meio do teste de neutralização por redução de placa (PRNT). Todos os indivíduos apresentaram anticorpos neutralizantes para o YFV, confirmando a soro-conversão após a imunização com a vacina e 58,5% dos indivíduos apresentaram neutralização cruzada contra o ZIKV, confirmando o potencial de reação cruzada entre esses vírus, que por pertencerem à mesma família compartilham estruturas semelhantes que permitem este fenômeno. Visto que a infecção causada pelo vírus zika continua sendo uma preocupação para a Saúde Pública, principalmente para o grupo de gestantes, além de não possuir uma vacina como forma de prevenção, em contrapartida a febre amarela possuir uma vacina altamente eficaz, o fato de existir uma neutralização cruzada, principalmente nos primeiros 3 meses após a imunização pode funcionar como ferramenta de prevenção para mulheres que pretendem engravidar, sendo este o período crítico de infecção com o ZIKV na gestação. Esses resultados indicam um potencial uso da vacina para a febre amarela como ferramenta de vigilância para as gestantes, sendo o principal grupo de risco na infecção pelo ZIKV.