Comicidade, estilística e projeto retórico: faces e efeitos intertextuais da recepção de Terêncio na obra de São Jerônimo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Zanfra, Marcello
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8143/tde-15022023-124604/
Resumo: Esta tese se dedica a análises e interpretações da recepção e de possíveis efeitos intertextuais entre a vida e as obras de Terêncio nos textos de São Jerônimo. Para isso, recorremos a uma metodologia comparativa entre os textos, partindo de bibliografia consagrada e de novas ferramentas digitais de linguística de corpus. No Capítulo 1, oferece-se um aporte conceitual acerca do fenômeno da intertextualidade e da recepção, além da contextualização do debate sobre a presença dos clássicos e de Terêncio no corpus de Jerônimo, marcado por iniciativas pontuais de romper com o padrão do século XX de elaborar listagens de referências. Discutem-se, no Capítulo 2, as possibilidades de interpretar a recepção de Terêncio já no século II a.C., e sobre como a retórica do poeta em seus prólogos criaria um ethos reelaborado ao longo de sua recepção, o qual serviria de base ao projeto de prefácios disruptivos de Jerônimo. O Capítulo 3 investiga o cenário da patrística latina e a construção de uma imagem positiva para Jerônimo em meio às polêmicas religiosas, incluindo a presença dos clássicos em seus trabalhos, prática que revelaria a influência de Élio Donato em sua formação escolar. Exploraremos como o autor desenvolve uma teoria instrumental dos clássicos, permitindo a si o direito cristão de se servir dessas fontes e expurgá-las para finalidades expositivas. O Capítulo 4 defende e interpreta como Jerônimo constrói uma imagem para Terêncio em suas obras, à qual recorrerá como validação de sua persona e de seus argumentos. Elabora-se, assim, um retrato elogioso de Terêncio como poeta e tradutor, além da ressignificação do sentido de comicus para uma espécie de moralista, função para a qual o comediógrafo africano é tratado como modelar, em detrimento da figura de Plauto, dicotomicamente inferior. No Capítulo 5, apresentamos a interpretação da reencenação da comédia de Terêncio a partir da intertextualidade em obras de Jerônimo, moralizando pelo riso e sendo ele mesmo um novo comicus, seus destinatários, a plateia, e a sociedade viciosa, as personae dramatis. O Capítulo 6 revisa possíveis alusões a Terêncio, recusando algumas hipóteses, investigando oportunidades nas quais Jerônimo não alude a Terêncio, bem como casos em que a estilística do comediógrafo parece recuperada. Por fim, a reencenação de Terêncio volta no Capítulo 7, a partir de seus prólogos: propomos a autolegitimação de Jerônimo por meio de alusões a essas seções do texto, bem como a existência de um projeto de autodefesa em seus prefácios, sob influência do ethos e dos argumentos de Terêncio, de maneira que podem ser lidos em conjunto e intertextualmente