Psicoterapia psicanalítica em ambientes prisionais: uma experiência de cuidado psicológico para presos semi-imputáveis no Estado de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Franco, Fábio Serrão
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-08032016-114615/
Resumo: A presente pesquisa versa sobre o tratamento psicoterápico de orientação psicanalítica para presos semi-imputáveis conduzido em ambiente prisional. Busca-se com esta pesquisa identificar as especificidades do processo psicoterápico em questão visando o desenvolvimento mental de indivíduos semi-imputáveis em cumprimento de medida de segurança detentiva. A partir do reconhecimento da existência de padrão persistente, invasivo e inflexível da dinâmica psíquica dos sujeitos em questão, verifica-se que se o aprisionamento ocorrer sem que, concomitantemente, haja um tratamento psicoterápico eficaz que favoreça o amadurecimento da dinâmica psíquica, o sofrimento do pessoal do sujeito se perpetuará, assim como do contexto à sua volta. No presente trabalho o método de pesquisa utilizado foi o psicanalítico. Verificou-se que a maioria dos presos foi objeto de violência ao longo de sua vida. Essas experiências adversas frequentemente levam o indivíduo a desenvolver uma estrutura narcísica de personalidade como forma de defesa contra as emoções oriundas das experiências de violência. Apesar da aparente proteção que a estrutura narcísica oferece, ela impossibilita o crescimento mental caracterizado pela formação de símbolos, tolerância à frustração e capacidade para pensar, pois impede o contato com sentimentos e emoções. O preso semi-imputável que apresenta transtorno de personalidade fronteiriça utiliza o sistema prisional para evitar o contato com a realidade externa e interna, dinâmica essa que reproduz o funcionamento mental caracterizado pela existência da estrutura narcísica pré-existente ao aprisionamento. A função do psicoterapeuta compreende favorecer a instauração de uma relação de confiança na qual o juízo moral é suspenso, o que favorece a emergência de sentimentos no preso, os quais devem ser legitimados através de interpretação. Em contrapartida, a interpretação dos aspectos destrutivos existentes na organização narcísica de sua personalidade adquirem valor de denúncia, que pode ser associada ao uso defensivo que o preso faz, em fantasia, do aprisionamento. A adoção de uma postura clínica paradoxal entre o mundo interno e a realidade externa do preso, e entre o interior da instituição prisional e a sociedade é fator determinante para o êxito do processo