Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Santos, Ana Luiza Mendonça dos |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59141/tde-21102022-100545/
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Resumo: |
A Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano de Bronfenbrenner (TBDH) compreende o desenvolvimento como um processo biopsicossocial marcado por interações entre sistemas que estão conectados entre si, destacando a importância de fatores protetivos e o papel das inter-relações no desenvolvimento. Habilidades sociais e competência social são mecanismos de proteção reconhecidos, inclusive na prevenção de problemas comportamentais e no amparo às interações sociais; nesse cenário escola e família têm papel importante. O presente estudo teve como objetivo geral caracterizar as habilidades sociais, vivência escolar e monitoramento parental recebido por adolescentes infratores que cumprem medida socioeducativa de liberdade assistida. Já como objetivos específicos buscou-se realizar uma revisão sistemática sobre habilidades sociais e adolescentes em conflito com a lei; verificar associações entre as variáveis de habilidades sociais, vivência escolar e monitoramento parental; caracterizar as vivências escolares, recursos e dificuldades relatadas por adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de liberdade assistida, no que tange ao processo de inclusão escolar; caracterizar os recursos e dificuldades relatadas por professores no que tange ao processo de ensino-aprendizagem e inclusão de adolescentes que cumprem medida socioeducativa de liberdade assistida; associar dados quantitativos e qualitativos sobre habilidades sociais, estressores escolares, monitoramento parental e vivencias escolares de adolescentes em liberdade assistida. Participaram 24 adolescentes do sexo masculino, em liberdade assistida, com média de idade de 17 anos e 1 mês, matriculados ou evadidos de escolas públicas do interior paulista. O estudo contou também com a participação de dez professores que já lecionaram a adolescentes em liberdade assistida, sendo quatro do sexo feminino e seis do sexo masculino, com média de idade de 43,6 anos e com uma média de tempo de trabalho de 13,9 anos. Os instrumentos utilizados foram: Inventário de Habilidades Sociais para Adolescentes, Inventário de Estressores Escolares, o Questionário de Monitoramento Parental, entrevistas semiestruturadas. Os dados foram coletados com os adolescentes em uma instituição que os acompanha no cumprimento da liberdade assistida. A coleta com os professores aconteceu de maneira presencial com dois participantes, na instituição em que trabalham; com os demais professores, a entrevista foi realizada de maneira remota, por vídeo chamada. Foram realizadas análises quantitativas por meio do Software R e qualitativas, por meio do R versão 3.6.1, Software IRaMuTeq Versão 0.7 alpha 2 e da técnica do Discurso do Sujeito Coletivo. Os resultados encontrados estão apresentados em cinco estudos. O Estudo I, \"Habilidades sociais de adolescentes em conflito com a lei: um estudo de revisão\", foi utilizado o protocolo PRISMA, considerando o contexto nacional e internacional nos últimos dez anos, tendo como bases de dados Scielo, Pepsic, Periódicos CAPES, Lilacs, APA PsycArticles, Eric, Scopus e Web of Science; seis artigos compuseram a amostra final. A revisão sinaliza uma escassez de trabalhos na área, sendo predominantemente quantitativos; ganhos dos menores em treinos de habilidades sociais e; variáveis como a escolaridade, envolvimento com drogas, crenças de autoeficácia, apoio social e a parentalidade como frequentes nesses estudos. O Estudo II, intitulado \"Caracterização de adolescentes em liberdade assistida: habilidades sociais, estressores escolares e monitoramento parental\", aponta que os adolescentes apresentam em média, boa frequência de habilidades sociais, destacando-se as subescalas empatia e autocontrole; sinalizam médio custo de resposta (ou ansiedade) na emissão de comportamentos em empatia, autocontrole, civilidade, assertividade e desenvoltura social; dificuldades de adaptação escolar, tendo em vista que a escola se mostrou como um fator pouco protetivo, expondo os adolescentes a situações de estresse escolar e de aborrecimentos cotidianos e; a importância da relação com a mãe no desenvolvimento. O Estudo III, \"Vivenciando a escola: recursos e dificuldades de adolescentes em liberdade assistida\", sinalizou recursos e dificuldades importantes no processo de inclusão escolar de adolescentes em liberdade assistida; destacou-se como possíveis recursos ao desenvolvimento saudável e à inclusão escolar: o professor como suporte indispensável para aprendizagem e permanência na escola; interações positivas com os pares; utilização do esporte como possível recurso pedagógico e; melhorias no ambiente físico. O Estudo IV, que leva como título \"Professores de adolescentes em conflito com a lei: recursos, dificuldades e percepções\", apontou recursos importantes para a aprendizagem e inclusão escolar do adolescente em liberdade assistida, como o vínculo entre professor e aluno, a aproximação do conteúdo apresentado ao contexto dos adolescentes, diálogo, recursos lúdicos e trabalhos em grupo; como dificuldades enfrentadas, os resultados apontam a ausência da família na escola, as lacunas de aprendizado e a não valorização da educação. Por fim, o Estudo V , \"Fatores de proteção e de risco para adolescentes em liberdade assistida no contexto escolar: um estudo de triangulação\" indicou associações significativas entre recursos como papel do professor na aprendizagem, motivação para ir à escola, atividades lúdicas e de integração social e; dificuldades tais quais na aprendizagem acadêmica, conflitos sociais e necessidade de melhorias no ambiente escolar apontadas pelos adolescentes com: a não exposição do aluno a situações estressoras nos domínios acadêmico e de adaptação ao novo contexto escolar; exposição a situação estressora referente ao domínio relações com iguais e; frequência na emissão de comportamentos habilidosos em empatia, autocontrole e assertividade. Frente aos resultados encontrados nesse trabalho, conclui-se que as vivências escolares dos adolescentes em liberdade assistida apresentam muitas dificuldades, que se configuram como fatores de risco ao desenvolvimento; mas mostram diversos recursos que podem atuar como proteção a esses adolescentes. Cabe à sociedade como um todo pensar em estratégias para que esses recursos sejam ampliados e/ou as dificuldades sejam diminuídas, ressaltando-se a importância do investimento em políticas públicas efetivas, que visem atendimento, apoio, intervenção e cuidado direcionado aos escolares. Ademais, tem-se como possibilidade, formações continuadas que tenham como foco o aprimoramento e expansão do repertório de habilidades sociais educativas de professores; ações preventivas indicadas aos adolescentes, como, por exemplo, treinamentos que potencializem suas habilidades sociais; além da contínua orientação à família, mostrando recursos que podem fortalecer os vínculos afetivos e o desenvolvimento. Diante disso, também cabe à escola, em seu papel de mediadora, acolher e dar suporte a esses alunos que são de inclusão social. Acrescenta-se que, ao poder público cabe a responsabilidade quanto ao fomento e implementação de efetivas políticas públicas voltadas ao atendimento, apoio, intervenção e cuidados dentro do microssistema escolar. |