A vazão (in)dizível do ser. Sobre das Ereignis em Heidegger e o gozo em Lacan

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Souza, Elton Augusto Pinotti e
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Ser
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-10112016-114718/
Resumo: Investigamos os possíveis efeitos das experiências de atravessamento das identificações e representações do ser, implicados no conceito de gozo feminino de Jacques Lacan, e também no estudo da superação da metafísica no ser-o-aí (Dasein) de Martin Heidegger, ocasião de desvelamento em que o ser irrompe com uma singular estranheza (das Ereignis). Nosso objetivo foi o de esclarecer quais seriam possíveis finalidades clínicas e efeitos transformativos, face ao patológico, que o tratamento psicanalítico poderia conferir às experiências de transbordamento do ser para mais além das significações fálicas. Para tanto, a metodologia escolhida foi o estudo da obra de dois dos principais expoentes do século XX nos campos da filosofia e da psicanálise, legitimadores cada qual a seu modo da formalização e da escuta de um paradoxo: o ser é ao mesmo tempo íntimo e estrangeiro, radicalmente inacessível ao pensamento, e neste sentido se provaria êxtimo. Num primeiro momento, esclarecemos os sentidos da extimidade ou ek-sistência do ser nas obras de Heidegger, em textos de 1927 a 1966, e de Lacan, sobretudo no recorte de seu seminário 20 (1972-73), paradigmas com os quais pudemos trabalhar, em nosso último capítulo, certos desafios que a lacuna do ser traz à situação clínica. Como resultado, sustentamos a leitura de que o ser para a psicanálise lacaniana se apreende pelo conceito de gozo, em suas duas modalidades: ser da significância, correlata ao gozo fálico típico da fantasia neurótica, e Outra irrepresentável, denominada de gozo feminino. Como efeitos deste gozo desconhecido, desarticulador da representação objetal, dar-se-iam os temporários atravessamentos das identificações do sujeito, bem como das amarrações simbólicas do sintoma; experiências que podem transcorrer em efeitos de indeterminação produtiva. Concluímos que, sobretudo em virtude da vazão indizível do ser, podemos romper com uma leitura a nosso ver reducionista da psicanálise em que a perspectiva monoculturalista e falocêntrica perpetuasse, clinicamente, efeitos de sujeito em relação exclusivamente fálica-objetal com o ser. Defendemos finalmente a importância de uma 9 escuta psicanalítica capaz de diferenciar o ser do objeto, caso se atente também à insólita abertura de um ser para mais além do Falo