Autenticidade e corporeidade na obra de Edith Stein

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Coelho Júnior, Achilles Gonçalves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59142/tde-21122018-192254/
Resumo: A busca pela autenticidade tem sido considerada um importante fenômeno contemporâneo, assim como o cultivo das sensações como critério de subjetivação. As análises empreendidas no seio da fenomenologia clássica disponibilizam uma descrição rigorosa do ser humano, buscando compreendê-lo em sua complexidade estrutural, dotada das dimensões da corporeidade, psique e espírito que se mostram interdependentes, além de apontar para vivências comunitárias como constitutivas de si mesmo provando-se uma perspectiva com grande potencial para renovar a problematização da temática. Edith Stein (1891-1942), discípula de Husserl, discute o tema da corporeidade e da tomada de posição voluntária de maneira aprofundada, chegando a se referir a um tipo de posicionamento onde emerge aquilo que é autenticamente individual. A presente pesquisa tem como objetivo examinar a noção de autenticidade na Fenomenologia de Edith Stein, discutindo o indispensável comparecimento da corporeidade como sua condição de possibilidade. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, bibliográfica, onde elegemos como textos principais de nossa análise as seguintes publicações de Edith Stein: O problema da empatia (1917); Psicologia e Ciências do Espírito: contribuições para uma fundamentação filosófica (1922); Sobre a ideia de formação (1930); A estrutura ôntica da pessoa e a problemática do seu conhecimento (1930-32); Introdução à Filosofia (1919-32/2001); A estrutura da pessoa humana (1932-33) e A filosofia existencial de Martin Heidegger (1936). Vários outros textos de Stein também foram utilizados para aprofundamento dos temas identificados, bem como de outros pesquisadores comentadores da obra steiniana. A noção de autenticidade comparece gradativamente na obra steiniana. A individualidade é examinada partindo dos aspectos universais, da consideração do sujeito transcendental, e segue até a identificação do núcleo da alma, aspecto original e singular que é ativado em vivências específicas e insere um selo de autenticidade em diversas vivências do fluxo da consciência. Os relacionamentos interpessoais, sobretudo aqueles propriamente comunitários, possibilitam o reconhecimento das características mais singulares diante do outro. A individualidade autêntica é vivida enquanto processo, discutido em termos steinianos como processo de formação da personalidade e processo de individuação, apontando para uma autenticidade que apenas pode ser reconhecida no ato. Cada pessoa é autêntica a sua maneira, o que implica também um necessário posicionamento ético diante da expressão das características de personalidade mais habituais. Confrontando com a tradição heideggeriana, Stein destacou que a autenticidade deve ser analisada considerando o ser pessoal, a relação de comunidade como facilitadora, a diversidade de disposições afetivas não exclusivamente a angústia como via de mobilização da individualidade autêntica, bem como a experiência religiosa autêntica como via de possibilidade da realização da autenticidade individual. Os achados advindos da noção de autenticidade na obra de Edith Stein disponibilizam, a partir da Psicologia Fenomenológica, novos recursos teóricos para a atuação do profissional psicólogo nas diversas áreas, como Psicologia da Saúde, Psicologia da Educação, Psicologia do Esporte, Psicologia Clínica, entre outras. Novos horizontes na compreensão de temas contemporâneos onde a relação entre autenticidade e corporeidade se apresentam, como é o caso da epidemia de suicídio, das questões relacionadas ao gênero e das práticas corporais, também podem ser assumidos na compreensão desses temas.