Com ou sem ut? Um estudo da complementação com subjuntivo de facio e uolo em latim arcaico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Mazzanti Junior, Alex
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8143/tde-20032019-114809/
Resumo: Esta dissertação tem por objetivo localizar, quantificar, descrever e explicar sincronicamente a variação entre presença e ausência da conjunção ut nas orações substantivas (completivas) com subjuntivo dos verbos facio e uolo, no latim de Plauto e Terêncio (latim arcaico). A partir dos resultados, buscou-se estudar essa estrutura diacronicamente, tanto retroagindo no tempo, ao se verificar hipóteses do surgimento da estrutura (período pré-histórico da língua latina), quanto avançando, ao se comparar os resultados do latim arcaico com os dados do latim de Cícero, especialmente suas cartas (latim clássico). Para tanto, o texto se inicia com uma introdução descrevendo sucintamente a estrutura em estudo. Segue-se com hipóteses de qual seria a situação em protoindo-europeu e no latim pré-histórico. Apresenta-se a etimologia da conjunção ut e a miríade de usos que ela teve em latim, dentre os quais a introdução de orações completivas de subjuntivo. Discute-se a ambiguidade do termo parataxe na bibliografia, decidindo-se por chamar a estrutura em estudo de justaposição. A metodologia e o recorte da pesquisa são descritos: todas as orações de subjuntivo que completam facio e uolo encontradas nas 21 peças de Plauto, nas seis de Terêncio e alguns textos de Cícero, numa abordagem tanto quantitativa quanto qualitativa, auxiliada por técnicas estatísticas. Uma série de critérios para verificar se há uma regra subjacente ao uso da conjunção foi aplicada, dos quais o mais relevante foi a morfologia do verbo principal. O verbo facio apresenta 36% de subjuntivos justapostos, número que aumenta a 55%, se considerarmos somente formas imperativas de facio. O verbo uolo apresenta 68% dos exemplares com justaposição, número que aumenta a 82%, se considerarmos somente o tipo sequitur coniunctiuus. Assim, entende-se que, quando o verbo principal tem uma forma deôntica (ordem, desejo, concessão), como um imperativo ou o próprio verbo uolo, há preferência pela justaposição, o que pode ser explicado pela origem paratática da estrutura. Além disso, já em latim arcaico a complementação com subjuntivo apresenta restrições que são intensificadas no latim de Cícero, no qual a justaposição está restrita a contextos formulares e pragmaticamente definidos. Isso mostra que, entre o latim arcaico e o latim clássico, ocorreu um processo de fossilização da justaposição de subjuntivo com os verbos facio e uolo.