Efeitos da terapia probiótica na periodontite experimental em ratos com síndrome metabólica induzida por dieta rica em gordura

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Silva, Giselle Aparecida da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/58/58132/tde-29112022-171354/
Resumo: O conceito de modular a microbiota intestinal por meio do uso de bactérias específicas para melhorar o metabolismo do hospedeiro ganhou considerável interesse nos últimos anos. Alguns estudos pré-clínicos e clínicos demonstraram que a utilização de probióticos (PROB) pode ser uma promissora alternativa terapêutica/preventiva para a síndrome metabólica (SM) e para a doença periodontal (DP). Ambas as condições estão intimamente associadas e afetam milhares de pessoas em todo o mundo. Até o presente momento, nenhum estudo avaliou o impacto da terapia probiótica na associação SM-DP. O propósito deste estudo foi avaliar potenciais efeitos do agente probiótico Bifidobacterium animalis subsp. lactis HN019 (B. lactis HN019) no desenvolvimento da periodontite experimental associada ou não às co-morbidades da SM em ratos Wistar Hannover. 96 ratos machos Wistar Hannover foram aleatoriamente divididos de acordo com o protocolo alimentar recebido: ração hipercalórica rica em gordura para indução da SM e ração comum, (Grupos Controle - C). Os grupos foram ainda subdivididos de acordo com a presença ou não de DP (induzida por ligaduras) e administração ou não de terapia probiótica, constituindo as seguintes situações: i) Grupo C (ratos alimentados com dieta padrão, n = 12); ii) Grupo CP (ratos alimentados com dieta padrão que receberam administração de PROB - n = 12); iii) DP (ratos alimentados com dieta padrão e com DP - n = 12); iv); Grupo DPP (ratos alimentados com dieta padrão, com DP e que receberam administração de PROB - n = 12); v) Grupo SM (ratos alimentados com dieta hipercalórica rica em gordura, n = 12); vi) Grupo SMP (ratos alimentados com dieta hipercalórica rica em gordura e que receberam administração de PROB, n = 12); vii) Grupo SMDP (ratos alimentados com dieta hipercalórica rica em gordura e com DP, n = 12); viii) Grupo SMDPP (ratos alimentados com dieta hipercalórica rica em gordura e com DP, que receberam terapia PROB, n = 12). A SM foi induzida por meio do consumo de ração hipercalórica (60% gordura). O consumo da dieta hipercalórica foi iniciado 8 semanas antes da terapia probiótica e permaneceu até o dia da eutanásia dos animais. Na 14a. semana do estudo, a DP foi induzida por meio da colocação de ligaduras nos primeiros molares inferiores de cada animal durante 14 dias. A cepa probiótica B. lactis HN019 foi adicionada diariamente à água dos animais durante 8 semanas, na dosagem de 10¹º Unidades Formadoras de Colônias. Todos os animais foram submetidos à eutanásia 16 semanas após o início do experimento. Foram avaliados: Parâmetros metabólicos (glicemia, insulina, resistência à insulina, perfil lipídico, ácidos graxos e tolerância à glicose) e antropométricos (índice de massa corporal, circunferência abdominal e peso); Pressão arterial (aferida por método invasivo no momento da eutanásia); Níveis de citocinas pró e antiinflamatórias no tecido gengival por meio de imunoensaios enzimáticos (ELISA e Luminex®); Atividade de enzimas envolvidas no estresse oxidativo, catalase (CAT) e mieloperoxidase (MPO), por meio de testes ELISA; Nível ósseo alveolar (NOA), volume ósseo (VO) e porosidade óssea (PO) por meio de microtomografia computadorizada; Análise histológica descritiva das hemimandílulas; Análise microbiológica intestinal (qRT-PCR). Os dados obtidos foram submetidos à análise estatística (p<0,05). Os grupos SM, SMP, SMDP e SMDPP apresentaram aumento significativo de peso final, IMC e circunferência abdominal quando comparados ao grupo C (p<0,05). O grupo SM apresentou, ainda, aumento nos parâmetros de glicemia, HOMA-IR, colesterol total, triglicerídeos e ácidos graxos quando comparado ao grupo C (p<0,05). A terapia probiótica foi capaz de atenuar a dislipidemia presente nos animais com SM, uma vez que os níveis séricos de colesterol total do grupo SMDPP foram estatisticamente menores quando comparados àqueles do grupo SMDP. Da mesma forma, SMDPP e SMP apresentaram menores taxas de triglicerídeos quando comparados aos grupos SMDP e SM, respectivamente (p<0,05). Os dados da análise microtomográfica demonstraram o impacto de PROB na redução da severidade da DP e os efeitos da SM no agravamento da DP. Os grupos SMDP e SMDPP apresentaram NOA significativamente (p<0,05) maior que àqueles dos grupos DP e DPP, respectivamente. O grupo SMDP apresentou menor VO e maior PO quando comparado aos grupos DP (p<0,05). Os grupos SMDPP e DPP apresentaram menor NOA e menor PO quando comparados aos grupos SMDP e DP, respectivamente (p<0,05). A análise imunoenzimática demonstrou maiores níveis de IL-1&beta; e maior razão RANKL/OPG no grupo SMDP quando comparado ao grupo SMDPP (p<0,05). O grupo DPP apresentou menores níveis de TNF-&alpha; e IL-6 quando comparado ao grupo DP (p<0,05). Além disso, o grupo SMDP apresentou maior razão RANK-L/-OPG quando comparado ao grupo DP, assim como menor concentração de TGF-&beta; (p<0,05). Os animais dos grupos DP e DPP apresentaram níveis reduzidos de CAT quando comparados ao grupo C (p<0,05). Quando a DP foi associada à SM, houve redução significativa de CAT em comparação aos animais apenas com SM (p<0,05). Para MPO, uma tendência de redução foi observada nas comparações dos grupos DPP e DP, SMP e SM; e SMDPP e SMDP. os valores de MPO no presente estudo foram significativamente superiores nos grupos DP e SM quando comparados ao grupo C (p<0,05) A análise microbiológica revelou maior alteração na proporção de Firmicutes e Bacteroidetes para o grupo SMP quando comparado ao grupo C (p<0,05). O grupo SM apresentou maior redução de Lactobacilos e Bifidobacterium ao longo do experimento quando comparado ao grupo C (p<0,05). O uso de PROB promoveu maior redução de Bacteroidetes no grupo SMDPP quando comparo ao grupo SMDP (p<0,05). Dentro das limitações do presente estudo, é possível concluir que B. lactis HN019 reduziu a severidade da DP e modulou parâmetros imunoinflamatórios nos tecidos periodontais em ratos com ou sem SM. Além disso, B. lactis HN019 atenuou parâmetros de dislipidemia em ratos com SM.