Idéias para uma pedagogia da desconstrução: desdobramentos da ontologia de Martin Heidegger

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Colpo, Marcos Oreste
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-25072007-160352/
Resumo: A presente tese tem por finalidade propor algumas idéias que possam sustentar o que denominamos \"Pedagogia de Desconstrução\", idéias estas desdobradas com base na ontologia fundamental de Martin Heidegger, publicada em 1927 (Ser e tempo) e das publicações realizadas a partir de 1930, que marcaram a virada (die Kehre) do seu pensamento. O sentido da palavra desconstrução (Ab-Bau) ou destruição (Detruktion) em Heidegger está associado à identificação de um modo de pensar característico do ocidente, denominado pensamento metafísico, que se estabeleceu a partir de Platão. Tal modo de pensar consolida-se por meio de uma interpretação objetivada do ser dos entes (Vorhandenheit), cujos desdobramentos fizeram com que a metafísica esquecesse o fenômeno do mundo, permanecendo presa ao modelo do ver teorético. O sentido da desconstrução alinha-se com a tentativa de recuperar a diferença ontológica entre ser e ente, portanto, desconstruir o modo objetivado de alocar o ser dos entes, meditar sobre o sentido do ser e re-visitar (An-denken) o pensamento metafísico, desvelando aquilo que não foi pensado pela educação a partir destas determinações metafísicas. O modo de pensar metafísico chega à plenitude de suas possibilidades em nossa época atual, séculos 20 e 21, exercida por dois fenômenos que são: a ciência e a técnica moderna, que vem impor um modo de ser e pensar sobre cujas conseqüências Heidegger procurou nos alertar quanto às suas conseqüências nas significativas conferências realizadas após 1930. Tal modo de pensar, instrumentado pela eficiência da técnica e da logística dos mercados, nos enreda numa pseudoproximidade com as coisas e com os outros, entre outros sintomas que nos fazem adentrar numa noite escura e densa, obscurecendo-nos o mundo. Podemos testemunhar este mundo obscurecido por meio de alguns sintomas de nossa época atual, como a massificação dos homens, da fuga dos deuses, a devastação da terra, a aniquilação da coisa, bem como pela técnica moderna cuja essência consolida-se como uma contenda, uma provocação do homem em relação à natureza. É diante destes alertas demonstrados por Heidegger e testemunhados por nós que pensamos em propor algumas idéias que possam orientar uma pedagogia, preocupada em exercer alguns contrapontos aos imperativos de nossa época atual. Conscientes dos limites deste projeto em consonância com os entendimentos de Heidegger sobre os limites de nosso empenho em relação à metafísica, estamos propondo algumas pequenas saídas que se consolidam na tentativa de resgatar o vigor de um pensar que se realiza na unidade entre ser e pensar, de \"conduzir\" (ex-ducere) o ser-aí em direção ao conhecimento de si mesmo e de voltar-se para uma relação com o real pautada pela poiésis, ou seja, por uma linguagem e por um fazer que envolve levar à luz o que se apresenta realizado pela essência da verdade, compreendida como sendo a liberdade de deixar ser o ente. É neste âmbito da poiésis que o pensamento e os afazeres dos homens podem desconstruir o modo de desvelar o ser dos entes, dominado por um pensamento cuja armação (Gestell) submete as coisas à tríade: exploração, produção e consumo. O âmbito da poiésis em Heidegger inspira-se no poeta Hölderlin e com ele gesta-se a possibilidade de um outro modo de relação com o real, cujos modelos ônticos exercem um contraponto à armação, modelos estes inscritos no que Heidegger denomina por quadrindade, constituída pelo espelhamento entre os diferentes envios do ser: a terra; e o céu; os divinos e os mortais.