Circunstâncias da infância e doenças crônicas em pessoas com 50 anos ou mais: evidências do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros - ELSI, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Julio, Renata Siqueira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6141/tde-30032023-163720/
Resumo: Introdução - Condições de saúde e socioeconômicas na infância se mostraram associadas à ocorrência de doenças crônicas na idade adulta em países de alta, média e baixa renda. No Brasil ainda há uma lacuna no que se refere a este conhecimento. Objetivo - Avaliar a associação entre saúde e situação socioeconômica na infância e doenças crônicas em adultos brasileiros de 50 anos e mais. Métodos - Trata-se de um estudo transversal realizado com dados da linha de base do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros, o ELSI-Brasil. O ELSI-Brasil é um estudo de base domiciliar, conduzido em uma amostra representativa da população brasileira de cinquenta anos e mais, coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz de Minas Gerais. A pesquisa linha de base foi realizada entre os anos de 2015 e 2016. Para este estudo foram considerados os desfechos doença cardiovascular (DCV), hipertensão e diabetes e, como variáveis de interesse, saúde e situação socioeconômica na infância, ajustadas pelas variáveis sociodemográficas, comportamentais e relativas à síndrome metabólica na idade adulta. O modelo de regressão logística foi utilizado para a identificação dos fatores associados a cada um dos desfechos. A medida de efeito utilizada neste estudo foi a Odds Ratio (OR). Resultados - Entre os principais resultados deste estudo está a associação entre fome na infância e DCV em mulheres (OR=1,40; IC 95% 1,02 - 1,92). O autorrelato de saúde ruim ou razoável na infância (OR=1,79; IC 95% 1,35 - 2,36) e o adensamento domiciliar excessivo (OR=1,35; IC95% 1,07 1,72) foram associados à maior chance de DCV em homens. Mulheres cujas mães tinham ensino secundário completo tiveram menor chance de hipertensão arterial quando comparadas àquelas com mães sem escolaridade (OR=0,60; IC 95% 0,42 - 0,85). Doenças não infecciosas foram associadas à maior chance de hipertensão (OR=1,32; IC 95% 1,05 - 1,67) e diabetes (OR=1,41; IC 95% 1,05 - 1,89) em homens. Conclusão - Este estudo evidenciou a associação entre a fome, doenças não infecciosas e situação socioeconômica adversa na infância com os desfechos DCV, hipertensão e diabetes dos adultos brasileiros com 50 anos e mais. Enquanto a saúde, expressa por meio do relato de doenças não infecciosas ou da percepção da saúde ruim ou razoável, foi relacionada à DCV, hipertensão e diabetes em homens, a fome e a escolaridade materna foram associadas à doença cardiovascular e hipertensão em mulheres, respectivamente. Assim, os resultados deste estudo, para além de indicar a relação das condições inadequadas de saúde e de alimentação na infância e seus efeitos na fase adulta, reforçam a necessidade de políticas que reduzam as desigualdades socioeconômicas e garantam a segurança alimentar. Por outro lado, pode-se destacar também que os esforços para reduzir DCV, HA e diabetes no Brasil devem levar em conta os sexos, tendo em vista que os resultados desta pesquisa indicam que homens e mulheres são afetados de modo distinto pelas condições inadequadas de saúde e alimentação.