Anticorpos neutralizantes e detecção quantitativa do citomegalovírus (CMV) em mães transmissoras e não transmissoras da infecção congênita

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Barbieri, Neusa Regina Pires
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-02062023-162148/
Resumo: A imunidade humoral contra o CMV em gestantes previamente soropositivas pode desempenhar um papel importante no controle da reativação viral, prevenindo a ocorrência da infecção congênita. Não existem estudos sobre a resposta dos anticorpos neutralizantes específicos contra o CMV em gestantes brasileiras, numa população com elevada taxa de soroprevalência. Adicionalmente, mulheres com imunidade preconcepcional albergam o CMV em sítios de latência ainda não conhecidos, responsáveis pela transmissão da infecção ao feto. A replicação viral em sítios acessíveis, tais como o leite materno, presumivelmente reflete a ocorrência de reativação viral durante a gestação e pode ter correlação com a transmissão da infecção congênita. Foram objetivos deste estudo: 1- Comparar a resposta dos anticorpos neutralizantes contra o CMV em amostras séricas obtidas no início da gestação e no momento do parto em mães que tiveram filhos infectados congenitamente (transmissoras, T) e mães soropositivas de crianças não infectadas (não transmissoras, NT). 2- Investigar a influência de diferentes cepas do CMV na variação dos títulos dos anticorpos neutralizantes. 3- Avaliar a cinética da resposta dos anticorpos neutralizantes para o CMV durante a gestação em mães T e NT. 4- Comparar a carga viral do CMV no leite de mães que transmitiram e não transmitiram a infecção aos seus filhos. Foram incluídas mães de recém-nascidos (RN) infectados congenitamente pelo CMV (transmissoras -T) e identificados em um programa de triagem neonatal de 4439 (50 RN infectados; incidência =1,1%). Para cada caso-índice, foram incluídas duas mães soropositivas para o CMV de RN não infectados; foram avaliadas 47 mães transmissoras e 94 mães não transmissoras. Soros maternos foram obtidos nas primeiras semanas de gestação (mediana= 13 semanas) e no momento do parto. A atividade neutralizante dos anticorpos maternos contra a cepa AD169 e contra os isolados de RN infectados foi avaliada através de um teste de microneutralização pela redução do efeito citopático. As amostras de leite materno das mães T e NT foram obtidas imediatamente após o parto (mediana=3 dias) e submetidas a reação de amplificação gênica da polimerase qualitativa (PCR) para a detecção do DNA viral. As amostras positivas foram quantificadas pela PCR quantitativa em tempo real utilizando o corante fluorescente SYBR Green I com iniciadores que amplificam uma região do gene codificador da glicoproteina B (gB). Todas as 26 de 47 mães T e 47 das 91 NT que tinham amostras de soros disponíveis no início da gestação (mediana=13 semanas) apresentavam anticorpos específicos anti-CMV. Baixos títulos de anticorpos neutralizantes foram encontrados em mães T comparado às NT em amostras séricas do início da gestação (média geométrica = 87,5 (4-128) vs 142 (32-256); p=0,02). Um aumento significativo dos títulos da atividade neutralizantes dos anticorpos foi observado em mães T e NT, durante a gestação; (p=0,019). Os títulos dos anticorpos neutralizantes de amostras séricas obtidas no momento do parto não apresentaram diferenças significativas entre as mães T e NT (P=0,16). A resposta dos anticorpos neutralizantes maternos contra a cepa AD169 e contra a cepa selvagem isoladas de seus respectivos filhos foi similar (p=0,33). O DNA viral do CMV foi detectado em 38/44 (86,4%) mães T e em 29/91 (31,8%) das NT pela PCR qualitativa (p<0,001). A carga viral do CMV no leite materno nas mães T foi maior que a obtida em mães NT, sendo a média geométrica de 2,37x 102 (variação de 2,6x10 a 2,31x10^3) e 5,1x 10 (variação de 1,2x10 a 3,43x10^2) cópias de DNA/&micro;l (p= 0,004), respectivamente. Os resultados deste estudo sugerem que baixos títulos de anticorpos neutralizantes maternos contra o CMV no início da gestação estão associados com a transmissão da infecção congênita. A despeito da heterogeneidade do CMV, os ensaios de neutralização usando a cepa laboratorial AD169 permite uma avaliação adequada da atividade neutralizante contra diferentes cepas do CMV. Cargas virais altas do CMV no leite materno constituem fatores de risco materno para transmissão do CMV ao feto e pode ser marcadores da replicação viral em sítios corporais maternos menos acessíveis, tais como células miometriais.