Avaliação neurológica de crianças microcefálicas com síndrome da zika e infecção congênita por citomegalovirus

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Moura, Sara Kvitko de
Orientador(a): Faccini, Lavinia Schuler
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/229480
Resumo: Introdução: A infecção pelo vírus Zika foi considerada uma doença benigna até outubro de 2015, quando se detectou um aumento no número de neonatos nascidos com microcefalia. A associação entre a infecção pré-natal pelo vírus Zika e distúrbios do sistema nervoso central está bem estabelecida, sendo descrita a síndrome congênita associada ao vírus Zika (SCZ). No entanto, a evolução neurológica dessas crianças ainda é objeto de estudo. Sabe-se que as crianças com SCZ, além do atraso grave no desenvolvimento motor, frequentemente apresentam epilepsia e outros distúrbios neurológicos importantes. O principal diagnóstico diferencial é o citomegalovírus (CMV). Objetivo: Contribuir na descrição do acometimento neurológico de pacientes microcefálicos com infecção congênita pelo vírus Zika ou CMV. Metodologia: Foram coletados dados a partir do prontuário dos pacientes microcefálicos do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, com data de nascimento a partir do ano de 2016, e com diagnóstico de infecção congênita confirmada ou presumida. Os dados pesquisados foram: tipo de infecção congênita, perímetro cefálico ao nascimento, presença de epilepsia, tipos de crises epilépticas, tratamento por mono ou politerapia, padrão eletroencefalográfico, exame físico neurológico e avaliação do desenvolvimento motor grosso. Resultados: Foram incluídas 21 crianças microcefálicas com as seguintes síndromes infecciosas congênitas: 9 por citomegalovírus (43%), 6 por vírus Zika (29%) e 6 por infecção presumida por Zika vírus (29%). Destas, 13 (62%) apresentavam diagnóstico de epilepsia, todas com crises generalizadas e 9 (69%) em uso de politerapia. Todas também apresentavam ritmos de base desorganizados e assimétricos. Quanto à atividade epileptiforme, cinco apresentaram atividade multifocal, quatro apresentaram atividade generalizada. Apenas uma apresentou atividade focal, e três apresentaram hipsarritmia. Todos os pacientes realizaram neuroimagem (1 ecografia transfontanelar, 13 tomografia computadorizada e 7 ressonância magnética): 12 (57%) apresentavam calcificações e 5 (24%) hidrocefalia. No exame neurológico, 17 (81%) apresentavam tônus axial diminuído e apendicular aumentado. Os reflexos miotáticos fásicos estavam aumentados em 16 (76%). Crianças com menor perímetro cefálico apresentaram maior comprometimento motor e gravidade da epilepsia. Não houve diferença na frequência de epilepsia entre as crianças com SCZ e CMV. Conclusão: A epilepsia se confirma como uma das mais importantes complicações das infecções congênitas por SZC e CMV. Nosso estudo reforça a importância dos exames de imagem e eletroencefalográficos nas crianças nascidas com microcefalia e suspeita de infecção congênita.