Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Silva, Denise Clemente da |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6143/tde-10012025-135202/
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Resumo: |
Nos últimos anos, vemos um crescente esforço no cenário jurídico legislativo brasileiro para regulamentar políticas públicas cujo foco de proteção é direcionado à primeira infância. O dispositivo da Entrega Voluntária, criado em 2017, está inscrito no conjunto de novas políticas de adoção promovidas recentemente no Brasil. Esta dissertação teve como objetivo analisar as implicações dessa política e refletir sobre a reconfiguração da prática no país, que visa fortalecer uma cultura de doação de bebês e ao mesmo tempo regularizar e controlar práticas socialmente arraigadas como a circulação de crianças, o aborto e as adoções informais, submetendo-as ao controle do sistema judiciário. Foram analisados documentos oficiais que regulamentam a Entrega Voluntária tais como leis e novas iniciativas estatais que obrigam às maternidades e aos serviços de saúde a fixarem placas em lugares de destaque, informando às gestantes sobre o direito à Entrega Voluntária. Também vimos durante a pandemia a ação de agentes do estado, em casos amplamente divulgados entre 2020 e 2023, nos quais a Entrega Voluntária foi oferecida como forma desencorajar/impedir meninas menores de 14 anos vítimas de estupro de acessar seus Direitos Reprodutivos. Exemplos dessas dinâmicas estão evidenciados em projetos de lei que visam proibir a interrupção de gravidez resultante de violência sexual, priorizando a gestação a termo e a entrega do bebê para adoção. Argumentamos que essas políticas e práticas estatais são, ao mesmo tempo, produtores e expressões de um ideário sobre maternidades mais ou menos legítimas. Conceitos como responsabilidade, cuidado e proteção à primeira infância são acionados nesse cenário para legitimar essas dinâmicas e encorajar tal prática. As chaves analíticas da Governança Reprodutiva e da (in) justiça reprodutiva auxiliam na compreensão dessa trama e do complexo contexto moral, político e valorativo em torno da maternidade e da reprodução no Brasil. Argumentamos que a despeito das iniciativas de sedimentar a entrega voluntária como um direito positivo na sociedade, a construção desses regimes está sendo conduzida de modo a regular as práticas reprodutivas, evidenciando um cenário complexo para os direitos reprodutivos no Brasil. |